Um pouco de transparência vai bem, Obrigado (a)

É sabido que toda transformação requer mudança. Nada no universo é estático e a mudança é necessária para a evolução. Estamos vivendo um momento histórico em que o acesso à informação é a ordem. Democratizamos o acesso à informação em todos os níveis. E ele é fruto de nossa curiosidade e vontade de progresso.

Se existem assuntos que não devem sair de dentro do clube, sem problemas. Estes devem ser pontuais e declarados sigilosos perante o Conselho. Porém, isso deve ser a exceção e não a regra.

A adoção de um modelo de gestão transparente também selecionaria melhor os conselheiros, já que não seria mais necessário participar do Conselho apenas para ter informações sobre o clube, dando lugar a sócios conselheiros, cujo papel é, como próprio nome diz, “aconselhar”, interagir, refletir, ajudar e fiscalizar. E não de, simplesmente, ouvir e aprovar como tem sido visto. Urge a eleição de 150 pessoas participativas e engajadas, dentro de suas especificidades técnicas.

De toda sorte, se há o tão falado planejamento, por que a torcida, e não só os conselheiros, não podem participar das intenções do clube? Isso traria maior credibilidade ao clube, atingindo a confiança do torcedor quanto à gestão. Afinal, se a diretoria ora fala uma coisa, ora outra, é natural que a torcida desacredite da existência de um planejamento, máxime se as ações diferem do discurso.

E o pior é que a falta de transparência não é exclusividade desta diretoria. Em 30 anos nunca se viu isso no Paraná Clube. E, assim, é mais fácil omitir e maquiar informações ao Conselho, que se vê obrigado a aprovar seja por falta de tempo hábil para estudar a questão, seja por desconhecimento da realidade.

Esta política obscura a fim de tornar os torcedores alheios à situação não condiz com o momento atual que reclama por ética, honestidade, boa-fé, de satisfação à justiça, aos credores e com maior razão à sua apaixonada torcida. Em tempos de compliance e intervenção não se pode sustentar a manutenção de sigilo de tudo o que ocorre nas reuniões do Conselho. Até porque, no dia seguinte parte das informações é veiculada e adulterada pela mídia.

A esse propósito, também, lembrei-me de que sempre ensino meus filhos a falarem a verdade, em qualquer circunstância. Isso porque, a verdade é um importante balizador para a tomada de decisões corretas. Quando temos o compromisso de falar a verdade, de antemão renunciamos ao errado e não chegamos a agir de forma desacertada.

Quanto ao tema, ainda, o Bahia Esporte Clube tem um modelo de gestão que deveria ser aplicado nos próximos anos pelo nosso Conselho gestor. Por lá eles possuem métodos bem transparentes em relação à gestão, sendo possível o acesso das informações, por todos, mês a mês (vide https://www.esporteclubebahia.com.br/o-clube/transparencia/). Já é tempo de o Paraná Clube se adequar ao futuro.

Por outro lado, o Conselho, ainda que não receba as informações da maneira adequada (porque repentinas e distorcidas), tem que cobrar isso com veemência, com consciência da responsabilidade do cargo que ocupam, defendendo a história e o próprio Paraná, não por seus 30 anos, mas por nossa história desde 1914. Aliás, se não houver tempo e certeza para embasar uma deliberação consciente de determinado item não há porque chancelá-lo; na dúvida, não se aprova, simples assim. É preciso menos conformismo e mais curiosidade.

E nem se alegue que a diretoria convence com o discurso de que se o conselho não aprovar o clube será punido, multado, perderá a oportunidade, a fim de pegar os conselheiros no susto. A diretoria deve trazer a pauta com tempo hábil para discussão e estudo, do contrário apenas denota sua não seriedade ou, ainda, incompetência, ou, pior, os dois. Ao final, a diretoria tenta imputar a culpa ao conselho, com o discurso de que o orçamento foi aprovado por este. E assim, ambos se eximem de suas responsabilidades. Quanto ao torcedor, pelo menos pelo momento, o que lhe sobra é conseguir uma boa bola de cristal e um poderoso patuá.

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