A proposta que chegou de helicóptero – Coluna ODS

(Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/copa-2018/copa-2018-parana-clube/)

O helicóptero pousou na Kennedy, com toda a pompa e circunstância, mas pelos valores que foram apresentados, a proposta poderia ter vindo de Uber mesmo. Com a proposta apresentada, vimos que o investimento muito aquém do necessário para uma reestruturação.

Obviamente, temos ciência de que na atual situação do Paraná Clube, qualquer ajuda é bem-vinda, mas não iremos nos calar quanto à forma com que este aporte financeiro será gerido, bem como as consequências disto para o futuro do clube. Deixamos o pensamento imediatista e desesperado para o torcedor deslumbrado, para aquele que faz previsões fora da realidade e se satisfaz apenas com a vitória a qualquer custo no próximo jogo.

A realidade nos faz analisar a questão sob o ponto de vista da continuidade do clube, com suas cores, nome, história e tradição. Somos torcedores do Paraná Clube, e apenas deste, não podendo sequer passar por nossas cabeças torcer para qualquer aberração dissidente do que um dia foi o nosso Tricolor.

Neste sentido, além dos parcos valores apresentados, o prazo deste investimento nos deixa com sérias dúvidas acerca do negócio proposto. Primeiramente, importante ressaltar que as informações apresentadas pela imprensa mencionam investimentos nas categorias de base, porém sem explicar de quanto seria, em que seria investido ou a certeza acerca do local onde seriam alocados este recursos. Mas a grande obscuridade se dá quanto à forma com que esse investimento renderia lucros à TSI.

Se este se der apenas com a venda de jogadores da base, não parece fazer muito sentido em um contrato de 3 anos, mesmo que haja uma esperança do grupo de investidores para a mudança de lei sobre clube-empresa tornando viável a prolongação do vínculo. Em 3 anos, eles conseguiriam trazer jovens talentos, formá-los, apresentar ao mercado e efetuar as transações que justifiquem os valores aportados no futebol profissional e na estruturação para a categoria de base? Fazendo uma análise dentro da normalidade, aparenta que não. E mais, qual será a divisão dos percentuais?

Assim, a pulga que fica atrás da orelha é para saber se existem garantias contratuais para esta parceria e a forma com que isso pode causar danos futuros ao clube. Num procedimento de investimento normal, sempre existem garantias para o valor alocado, afinal ninguém joga dinheiro fora. Quais são as garantias de cada lado? Em quais termos pode haver quebra de contrato?

Será que seria o local onde esta estrutura de base será montada a garantia do negócio? Se for isso, a negociação é muito preocupante, pois perderíamos o grande lucro nessa transação, que se configura na manutenção desta estrutura pelo Paraná Clube, que, após o fim da parceria, poderia lapidar talentos e gerar receita através disso.

Da forma que vem sendo apresentadas as condições de recuperação do valor investido, parece que o grupo investidor sairia no prejuízo com esta negociação. Certamente, tendo experiência no mercado, com propriedade de outros clubes no futebol europeu e africano, jamais investiriam qualquer quantia de valores sem totais garantias de que ao menos igualariam o valor aportado ao final da parceria.

Ainda restam dúvidas quanto ao empréstimo de 500 mil euros destinado ao pagamento das dívidas relacionadas aos vencimentos do final de 2019 e início de 2020. Este empréstimo deve ser restituído ao investidor no prazo de 24 meses. Mas aí surgem os questionamentos: Com este valor seriam contemplados atletas e funcionários que não receberam em dia? Qual a garantia do credor em caso de inadimplência? Quem avaliza este empréstimo? Lembrando que, ao dividir o valor emprestado pelo prazo para o pagamento, mesmo que sem contabilizar juros, seriam necessárias parcelas de mais de 100 mil reais mensais, o que, neste ano seria 20% da folha esperada para o elenco do campeonato brasileiro.

Problemas na negociação e formas de garantia destes valores feitas de forma equivocada acarretariam perda de patrimônio, receitas futuras e a inviabilidade da manutenção das atividades, como já aconteceram em outros aportes recentes. Assim, todos os conselheiros e sócios do Paraná Clube, bem como a torcida em geral, devem cobrar transparência da diretoria acerca dessa negociação, sob pena de não ter time para torcer em 2023!

 

ODS – Os De Sempre



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