Vira-lata

ventura

Domingo, 03/02/13. Vila Capanema. Graças a um sorteio da Radio Transamérica, parceira da Paranautas, pude acompanhar o clássico contra o Al-Fhace (nome árabe do Coritiba) no setor das arquibancadas sociais. Pouco antes de começar o jogo, durante a concentração das crianças que entrariam em campo com os jogadores, começa a passear próximo ao alambrado recebendo afagos dos “baixinhos” uma cachorrinha vira-lata, favorecida pela proximidade das sociais com o estacionamento “reservado”, separados apenas pela zona mista, cujas portas estavam abertas. Muitos podem cornetar, falar “ahh, que várzea, como que um cachorro entra no estádio?”. Mas explico que vejo isso como um simbolismo de algo muito bom (embora, por conta da profissão, eu seja um pouco suspeito para falar).

Primeiro porque os cachorros que há na Vila (Kaka e Bolinha) não estão ali à toa. Muita gente ignorante abandona os animais ali por perto, Então, os porteiros do estádio, principalmente o Sr. Hélio, acabam acolhendo os bichos e cuidando deles, com muito carinho. E é bom até pro clube, porque se acaba protegendo “de graça” o patrimônio contra pequenos vândalos e invasões esporádicas.

E segundo porque mostra o que somos. Um time do povo, não da elite. Se, por um lado, o hino de um dos nossos ancestrais dizia que nossa “torcida gigante vai do mais humilde até o doutor”, por outro percebemos que nossa torcida pertence, em sua maioria, às classes sociais menos adeptas à ostentação, ao esbanjamento. Mais do que isso, somos um time do bem. No lugar do descaso e do esbanjamento, vemos o cuidado e a boa ação dos funcionários de dar abrigo a seres desafortunados. No lugar de milk-shake, elevador e dinheiro público, temos pão com bife, arquibancada tradicional e suor da torcida na Curva Norte.

Enquanto algumas torcidas – por conta de sua frescura e pedância – ficam vinculadas à imagem de cães mais cheios de mimos, como a raça poodle que só sai na chuva de sapatinho rosa (ou vermelho e preto), a nossa torcida tem, em sua segunda casa, legítimos vira-latas. E com muito orgulho!

Ponte aérea

Já funcionou duas vezes nesse ano e outras três no ano passado. E precisa continuar sendo explorada, sem que os adversários consigam neutralizar. A ponte aérea Lucio Flávio  – Anderson tem se mostrado uma ótima saída para desafogar jogos complicados para o Tricolor. Aliás, ambos começaram 2013 jogando muita bola no Tricolor. Tomara que continuem assim, aí é acesso na certa.

Tarumã

Não posso deixar de dar meu pitaco sobre a penhora anunciada da subsede do Tarumã. Infelizmente, o clube chegou a esse ponto. Eu já sabia (muitos outros também) desde o ano passado que isso era inevitável. E o caso Léo Rabello/Thiago Neves foi só a faísca em um paiol cheio de pólvora. Mas, enfim, dia 21 de março ocorre o leilão e não há mais como voltar atrás.

Vejamos pelo lado bom, quitaremos as principais dívidas e ainda ganharemos um respiro de caixa que não temos há muito tempo (vinte anos, talvez?). Cortaremos um braço para dar a possibilidade de todo o corpo crescer. O lado ruim é que se o clube, algum dia, voltar a ser mal administrado, a penhora será em vão e ainda teremos menos patrimônio para salvar a lavoura. O episódio “terreno do Big” deve ser uma lição bem viva na memória dos dirigentes. A propósito, não sei se há a possibilidade/viabilidade jurídica disso, mas seria uma boa o clube incluir duas cláusulas no leilão: a manutenção de um espaço vitalício para loja no local (a exemplo do terreno recém-citado) e a colocação para que agremiações rivais não possam utilizar o espaço, pois sabemos que há um clube na cidade, cheio de “parceiros” dispostos a bancar uma grana boa, cujo estádio está com a vida útil no limite.



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