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ventura

Na semana passada eu prometi, hoje eu vou cumprir. O assunto deste domingo é o principal patrimônio do Paraná Clube: o torcedor.  Analisarei todos os modos mais conhecidos de se torcer para o Tricolor, mas dando o enfoque maior e final ao tão incompreendido e incompreensível corneta.

Eu semPRe costumo dizer que torcer para o Paraná Clube é algo ímpar, que desperta várias emoções diferentes na gente e causa reações peculiares em algumas pessoas. Assim, quem circula pelas arquibancadas da Vila querida em dia de jogo vê, no mínimo, seis tipos distintos de torcedores, em classificações mais específicas do que a velha distinção Fúria x Reta x Amendoim. E eis que aqui aponto as classificações:

– O comum

Se empolga nos lances de perigo (faltas, escanteios), segue os cantos da Fúria quando o time está pressionando, se preocupa quando o time joga mal, xinga o árbitro quando ele marca algo contra o Paraná. O torcedor comum é aquele que, em geral, segue as reações básicas aos acontecimentos do jogo, mas sem se exacerbar em nenhuma delas. Não canta durante todos os noventa minutos, mas também não tira o jogo para cornetar sistematicamente. Embora encontrado em maioria nos habitats Reta e Sociais, costuma se ausentar em jogos de menor apelo ou nas fases piores do time.

– O Analista

É a minoria no estádio. Assiste o jogo praticamente em silêncio, só quebrado para comentar o posicionamento de um jogador ou a alteração do técnico com o ~vizinho~ de arquibancada.  Não dá um grito de apoio, mas também não xinga nem corneta em voz alta, no máximo solta um “eu avisei” quando o time toma um gol durante uma atuação infeliz. Esse tipo de torcedor, que abrange até alguns colunistas aqui da Paranautas, costuma sofrer calado durante os 90 minutos.

– O raçudo

Se não está no meio da Fúria cantando o jogo inteiro, está na reta puxando o grito pra ver se acorda o ~povão~. Comemora lateral, carrinho na bandeira de escanteio, chute pra fora do adversário… Dividida ganha, então, é quase um orgasmo. O raçudo é um exímio conhecedor dos caminhos do alambrado, pois sobe nele constantemente para xingar o bandeira ou o árbitro ao menor sinal de ameaça aos intentos tricolores. Só xinga um jogador do Paraná em casos extremos.

Esta clássica foto do torcedor mirim do Feyenoord ilustra bem o comportamento do espécime Raçudo

– O tiozinho

Com o ouvido colado no radinho, o tiozinho não abandona um jogo sequer na Vila. Mesmo com a idade um pouco mais avançada, dá uma lição em muito ~jovem~ que troca um jogo do Tricolor por um Pack de ~Ice~ (que viadagem do cara**o…) no posto de gasolina. Mas ele fica ali, sentado ouvindo o jogo e acompanhando com os olhos se o relato radiofônico condiz com o que vê. Costuma, também, formar sua opinião sobre a atuação do time pelos comentários da transmissão. Nos jogos de menor apelo, não é raro encontrar este tipo em maior proporção na Vila.

– O “pé de couve”

Vai raramente ao estádio, acompanha pouco o time nos noticiários e não entende muita coisa dos detalhes do futebol, só quer saber de ver o jogo tranquilamente. Apenas de corpo presente, o pé de couve ainda pensa que Claudinho e Saulo formam a dupla de ataque e, mais perdido que pentelho em sopa, estranha o fato de “o 6 jogar só de um lado e o 2 jogar só do outro”. Este espécime, se encontrado no estádio, desperta nos companheiros aquela vontade de ajudar, de dizer “Amigão, tá na hora de pisar um pouco mais na Vila Capanema”.

– O Corneta

Até que enfim, chegou a hora dele. O CORNETA. Este é o espécime mais polêmico que existe na Vila e sua atuação rende comentários até fora dela, nas rodas de amigos e nas redes sociais. O Paraná tá com a bola? “Porra, por que não tocou essa bola ainda?”. Cinco minutos de jogo e ainda tá 0 x 0?  “Como é que esse time não fez gol ainda?”. O lateral do seu lado não subiu para o ataque porque o lateral do outro lado está no apoio? “Sooooobe, 6, tá esperando o que aí atrás, vagabundo?”. O corneta é o carrasco número 01 dos pratas da casa e dos laterais. Seu berro costuma ser ouvido até do lado contrário de onde está, parece que já foi ao estádio disposto a descarregar toda sua tensão xingando o próprio time.

O problema é que aí muitos outros torcedores, em especial os “raçudos”, o rotulam como um estorvo, um incômodo. Questionam “por que um cara desses não fica em casa em vez de encher o saco no estádio?” ou, pior ainda, insinuam que “quem fica xingando assim não é torcedor de verdade”. E é aí que discordo. É, sim, tão torcedor quanto qualquer outro paranista, tanto que o incluí nas classificações de tipos de paranistas no estádio. Comemora os gols de forma tão ou mais emocionada que os demais. Abaixo concluo o porquê desta “defesa” do corneta.

Você reparou algo em comum nos “espécimes” citados? Tá, vamos à primeira semelhança: são todos paranistas. E, começando o exemplo pelo Corneta, o segundo ponto em comum é que todos, de um modo ou de outro, querem o bem do time e estão lá com esse fim. Na cabeça do corneta, qualquer fator que esteja participando de uma situação momentânea de o time não estar vencendo ou não estar bem no jogo deve ser execrado, seja ele o prata da casa que demonstrou insegurança e perdeu a bola em algum lance, o técnico que demorou para mexer no time ou até mesmo o ídolo que está marcado por três brucutus e não consegue pegar na bola. Por isso o excesso de xingamentos contra o próprio time. Porque, na cabeça do corneta (e, vamos lá, de qualquer paranista), o Paraná precisa deixar de ser atrapalhado urgentemente.

A única ressalva que faço é que o Corneta poderia diferenciar um pouco mais seus alvos. Xingar o trio de arbitragem, vaiar o adversário, pois também são fatores que atrapalham o Paraná no jogo e merecem muito mais os xingamentos do que o próprio time.

Mas o que quero que reste de toda essa bem humorada reflexão sobre os tipos de torcedores é que não tem quem seja “mais paranista” ou  “menos paranista”. Destaquei seis, mas talvez existam muito mais “tipos” de paranistas na Vila Capanema e fora dela. E, apesar de qualquer diferença que venha a existir, todos eles devem se unir pela única coisa que todos tem em comum: o amor pelo Paraná Clube do coração! Mais do que isso, todos devem IR à Vila Capanema.

O Corneta x O Tiozinho

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Vejo você na Vila!



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