Um passo para trás, dois para a frente

ventura

Nos primeiros jogos do campeonato paranaense, o técnico Milton Mendes insistiu em um esquema com três atacantes escancarados na linha de frente. Com uma vitória e três derrotas, ficou evidente que o esquema não estava dando certo. Faltavam peças para tabelas rápidas, inversões de jogada e abertura de espaços para lançamentos em profundidade. Para piorar, a bola parada estava falhando também.

Famigerado 4-3-3 usado nas primeiras rodadas do Ruralito 2014: Meio de Campo perdido e ataque ineficaz

Como percebe-se nesse desenho tático do time base das primeiras partidas, o meio de campo fica em desvantagem, pois os dois volantes e o meia Lucio Flavio se obrigam todos a fazer a função “box-to-box”, isto é, precisam carregar a bola por mais tempo para fazê-la chegar de uma grande área à outra, fazendo com que “falte perna” em algum momento do jogo.

Os atacantes ficam isolados e obrigam-se a buscar a bola no meio de campo – de costas para a defesa – para então tentar maior agudez nas jogadas. Assim fica muito fácil para queimar a piazada, incluindo Luisinho. Ele, Julio Cesar e até Carlinhos precisam encarar o marcador de frente ou de lado e, aí sim, tornam-se muito perigosos para o adversário. Paulo Roberto, muito utilizado, é arisco, mas precisa jogar mais perto do gol e de um centroavante também, porque a dificuldade para ele soltar a bola é enorme.

Perceba, também, a linha pontilhada que fiz questão de colocar nas subidas dos laterais. No 4-3-3, eles ficam muito presos. Quando sobem, ou é para dar combate de emergência e tentar recuperar uma sobra que está em perigo, ou é para apoiar exclusivamente de forma vertical, sem necessariamente ajudar a tabelar ou abrir espaços. Isso ajuda a engessar o meio de campo e aumenta o cansaço dos meias. Dá para usar esse esquema, mas os laterais, principalmente, precisariam se adequar.

A mudança

4-5-1 do time escalado contra o Operário – mudança paradoxal

No 4-5-1 adotado contra o Operário, ao mesmo tempo muita coisa e pouca coisa mudou. Mudaram algumas peças, com a saída de dois atacantes e a entrada de mais dois meias. O meio campo ficou mais povoado, as inversões de bola ficaram mais rápidas (vide jogada que resultou no escanteio do segundo gol) e os laterais puderam continuar subindo pouco, mas quando sobem podem encostar em um dos componentes do meio de campo e até mesmo tabelar até a linha de fundo.

Por isso o time ficou menos ofensivo, certo? Errado. É aí que digo que pouca coisa mudou. Com a bola, o Paraná continuou a ter três homens no ataque, mas de forma mais dinâmica, sem “perder” três jogadores enfiados na linha de frente o tempo inteiro. Fernando Gabriel, Paulinho Oliveira e até mesmo Elyeser e os laterais alternavam as subidas até o ataque para criar oportunidades para Giancarlo. O passe ganhava qualidade e a bola voltava para o adersário – quando voltava – com menos risco para nossa defesa, devido à maior proteção decorrente de mais gente congestionando os ataques do oponente.

Ainda há muito o que acertar, especialmente os erros defensivos (ainda vejo lateral em miolo de zaga, cabeça-de-área levando bola nas costas…), mas Milton Mendes achou um jeito camuflado de fazer um time num esquema extremo como o 4-3-3 atuar de forma equilibrada. Que ele continue atento às melhores opções.

Olho nele!

Seguindo a subseção na minha coluna com lista de indicações de nomes que podem vir a ser bons reforços para o Paraná Clube, hoje tem mais um nome.

  • Dudu – Lateral esquerdo – Gremio Osasco/SP (Série A2 – Campeonato Paulista): Lateral abusado, de raciocínio rápido, com boas variações de jogadas. Defende bem e apoia bem. Assisti a dois jogos dele em duas semanas. Não deve em nada às nossas opções atuais de laterais e, na verdade, achei que ele joga mais. É mais um nome a ser observado, dessa vez para uma posição carente do atual elenco.

Vejo você na Vila!

Henrique Ventura

@henventura

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