“Would you be upset, if I told you we were dying? And every cure they gave us was a lie?” Em uma rápida tradução, “você se zangaria, se eu te dissesse que morreríamos, e que qualquer cura que nos apresentaram até agora é mero charlatanismo?”.
Há algum tempo eu não fazia uma coluna baseada em uma música. Hoje volto a adotar essa prática, para abordar novamente pontos dolorosos do cotidiano paranista. De sacanagem dos rivais a proximidade da realidade, pela primeira vez passo a falar da possibilidade de o Paraná Clube acabar. Não digo extinguir-se, não existir mais. Mas atingir um estado de nanismo irreversível.
Nessa música da banda de ska Streetlight Manifesto, podemos ver uma série de citações que condizem com a história de todas as diretorias que passaram pelo Paraná Clube, de 1989 a 2014. Todas. De um modo geral a canção, sem querer, praticamente retrata o que acontece toda vez que nossa crise piora. Quem assume a culpa pelo momento de merda que passamos há anos? Pelo atraso que culminou no ultimato dos jogadores na última terça-feira? O que podemos ouvir, de uma gestão a outra, é “It´s not my fault”. “Não é culpa minha”.
A diretoria atual, desde que assumiu, reclama de herança maldita. Concordo que a reclamação procede. Mas muitos dos problemas de 2014 foram causados por erros de membros DESTA gestão (considerando que é uma prorrogação da gestão anterior, biênio 2012-2013). Antes de reclamar do real legado negativo deixado por outras gestões, essa gestão deveria também dizer, como nessa música, “It´s all my fault” – “É tudo culpa minha”.
Onde eu quero chegar com isso? Não estou acusando e nem pedindo a cabeça de ninguém. Apesar de tudo, acho que finalmente temos uma diretoria sobre a qual podemos dizer “pelo menos eles não roubam o clube”. Mas isso é muito pouco.
A gestão capitaneada pelo presidente Rubens Bohlen precisa aguentar firme (sim, considero qualquer modo de renúncia por parte de líderes um ato covarde) e, de forma urgente, reconhecer suas limitações e aceitar ajuda – não necessariamente financeira! – de pessoas que querem apresentar caminhos, soluções para, pelo menos, a situação não piorar ainda mais. Essa diretoria também tem parcela de culpa nos problemas, mas também é ela quem tem a oportunidade de resolvê-los.
E acredito nisso. Mas, sozinhos, esses diretores vem mostrando que não estão conseguindo expurgar as buchas do clube. O Paraná, mais do que de dinheiro, precisa de ajuda de gestão. Os ex-presidentes que também fizeram “caquinha” poderiam, muito bem, também buscar esse tipo de ajuda para o clube, para reparar um pouco da draga em que ajudaram a colocar o clube.
Se você, paranista, quer que seus filhos, netos e bisnetos tenham um Paraná Clube para amar e chamar de seus, é por isso que deve clamar.
E não, eu não acredito realmente que vamos acabar. Eu, pelo menos, não vou deixar. E você?
Nota triste
Soube, por meio das redes sociais, do falecimento de Manoela Cotovicz Ferreira, uma torcedora que costumava comentar minhas colunas nos grupos do Facebook. Não a conhecia pessoalmente, mas ela sempre debatia intensamente os assuntos do Tricolor da Vila e chegou a contrapor alguns pontos comigo. É menos uma guerreira paranista entre nós. Meus sentimentos à família.
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Vejo você na Vila!
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Henrique Ventura
@henventura
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*Nota: O conteúdo postado neste espaço (colunas) é de responsabilidade exclusiva do autor, não necessariamente refletindo a opinião da Paranautas sobre os temas aqui abordados.