Não gosto de remexer em fantasmas. Ainda mais em fantasmas desertores. Mas chegou a hora de algumas considerações importantes sobre o comandante atual e o anterior do time paranista.
Finalmente estamos livres da série C nesse ano, o que seria um vexame ainda pior. Mas, até o jogo contra o Atlético Goianiense – que vencemos e convencemos por 2×0 -, o que mais se ouvia era que “o rendimento de Claudinei era melhor“. Ou, pior ainda, que “Ricardinho estragou um time que Claudinei deixou redondinho“. E eram frases emitidas por torcedores que, influenciados por asneiras ditas de forma irresponsável na nossa mídia paranaense, adotavam esse discurso errôneo.
Uma das metas dessa coluna é desmistificar essa baboseira toda.
Primeiro porque o rendimento de Ricardinho é melhor. Com 58%, contra 56% de Claudinei, nosso ídolo grisalho está invicto em casa e rendeu 3% a mais fora de casa (33,33% contra 30%). No geral, o prata-da-casa tem 2,5% a mais de rendimento que o desertor (45,8% contra 43,3%, considerando só jogos da série B).
Mas aí a primeira contestação que pode aparecer é a de que “O Paraná jogava bem e com raça com Claudinei e Ricardinho desmontou isso ao ficar mexendo no time“. Mais um mito! Olhando só a escalação do time no papel para associá-la com a queda inicial de rendimento do Paraná após a troca de treinador é fácil inferir isso. Mas não é verdade.
Claudinei usou os jogadores experientes para conseguir fechar o grupo. Para isso, lançou-se mão de um discurso de união incondicional que, oras bolas… Claudinei e Gustavo foram os primeiros trairões a quebrar. Ambos foram para o lado corrupto final da Rebouças e tiraram o chão do grupo de jogadores que eles mesmos fecharam e que talvez passassem até mais dificuldades financeiras que os próprios desertores em si.
A coesão do elenco foi para o espaço, assim como o preparo psicológico e até o tático. Ricardinho precisou reconstruir tudo isso, mesmo que tenha que ter alterado frequentemente as peças que se mostraram atingidas no rendimento pelo que aconteceu.
Nosso treineiro atual superou isso, segurou mais um pico de crise financeira sem dar uma palavra a respeito antes que o objetivo de fugir da queda fosse atingido, e sem perder o respeito de seus comandados.
E por que faço esse levantamento?
Porque todo mundo – especialmente a diretoria – tem que ter em mente que o trabalho de Ricardinho é satisfatório. O melhor que poderíamos ter, dadas nossas condições. E, portanto, devem ser concentrados esforços na renovação do seu contrato.
Entendo que nosso técnico tem seus defeitos. Compreendo que soou dolorida a declaração dele após o jogo contra o Icasa. Mas realmente creio que a diretoria precisa enxergar que precisa dar passos para trás para conseguir um impulso que leve o clube à frente.
Observo também a lealdade da diretoria com alguns parceiros, mas não dá pra ficar mais aceitando jogadores com certos salarios que vem fantasiadosde “ajuda” da empresa parceira. Está na hora de gastar o mais próximo de zero nas folhas salariais, usando a base – do Paraná e de times da série A -, com reforços pontuais, para poder honrar os salários, principalmente dos funcionários, que são quem mais sofre.
Nessa estratégia, inclusive para ter respaldo para abrir o jogo com a torcida quanto aos riscos de adotá-la, Ricardinho é fundamental.
Eu digo NÃO ao lobby velado que se faz para minar o trabalho do nosso treinador. Vida longa ao nosso ídolo grisalho.
Vejo você na Vila!
–
Henrique Ventura
@henventura
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