Oi, minhas filhas lindas! Hoje, quando estou escrevendo essa carta, vocês nem sabem ler, mas um dia vocês saberão, e espero que leiam com todo o carinho.
Nesta semana que se passou, fizemos a festinha de aniversário de vocês. No mesmo horário, o Paraná Clube perdia uma partida em casa, em meio a mais uma forte crise financeira, em que um dirigente chegou a falar que nosso time iria acabar.
Eu acredito que isso não irá acontecer. Mas, mesmo assim, me emociono ao saber que pode haver risco de vocês torcerem para um time sem perspectiva alguma de títulos ou de estádio cheio.
E sabem por que eu me emociono? Porque me vem imediatamente à cabeça a sua imagem, Sofia, ostentando orgulhosamente roupas e acessórios com as cores do Paraná Clube, dizendo em forte e bom tom que torce para o PARANÁ quando alguém fala de futebol. E a sua, Alice, pulando no meu cangote enquanto comemoramos um gol no estádio. Lembro de vocês vindo se aninhar ao meu lado quando percebem que estou vendo um jogo do Tricolor. E tudo isso sem se importarem se o Paraná está ganhando ou não, apenas pelo prazer de torcer por essa instituição.
Sofia dando seu jeitinho para ver o jogo do Tricolor fora de casa, mesmo a quase 500km de casa
Vocês ainda não sabem, mas hoje a coisa anda feia pro nosso time. Eu vivi muitas glórias, já vibrei muito e aprendi a vibrar não só com títulos, mas com algumas vitórias simbólicas. Sei que elas ainda podem acontecer esporadicamente em breve, aos trancos e barrancos, para eu curtir. Mas temo por vocês. Eu sei que o clube ainda vai existir quando vocês estiverem mais crescidas, mas meu medo é de que vocês não tenham o que comemorar. Medo que vocês não possam me abraçar para comemorar um golaço importante ou um título, como eu tive e tenho a oportunidade de fazer com meus pais. Receio pela minimização da chance do paranismo ser passado com sucesso aos meus netos.
Para isso, eu espero realmente duas coisas para o presente, não necessariamente nessa ordem. Que os diretores, atuais ou de um futuro muito breve, possam ser capazes de atacarem de forma severa a crise vigente, esmiuçando as dívidas, reunindo e apresentando um plano a credores, respeitando as receitas e mexendo com o torcedor. E que a torcida cobre as gestões, mas participando mais ativamente, se associando, comprando produtos oficiais, chamando um paranista afastado para ir aos jogos e convertendo “indecisos”.
Tudo isso, meus amores, para que vocês possam, mesmo sabendo que futebol não é a coisa mais importante da vida, olhar para tudo que vivemos e encarar que o melhor legado que o papai lhes deixou, ao lado – é claro – de todos os valores e ensinamentos, é a paixão por esse Tricolor lindão que mexe tanto com a gente. E que tantos outros filhos de amigos paranistas possam pensar a mesma coisa e repassar isso gerações adiante. E lutando sempre por um Paraná Clube cada vez maior e mais autossustentável.
Meu avô é paranista. Meu pai é paranista. Eu sou paranista. Minhas filhas são paranistas. E espero que meus netos e bisnetos sejam paranistas. E que cada geração dessa tenha muitas glórias para contar à geração seguinte. E vocês, minhas filhas, hão de ter muito o que comemorar torcendo para o Paraná Clube!
Com amor, do seu pai paranista.
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Vejo você na Vila!
Henrique Ventura
@henventura
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