Mira de pombo

ventura

Às vezes eu acho que o Paraná não consegue mais proporcionar novos anticlímax. Mas durou pouco tempo o alívio da vitória de terça-feira contra o Luverdense (vou comentar também sobre o jogo no final da coluna). Na última quinta-feira (11), o Tricolor teve a Vila Olímpica, a querida e saudosa La BomBoquera, leiloada e deu um banho de água quase congelada nos paranistas. Tal qual uma rajada de bosta de pombo que pousa de forma certeira em nossa cabeça, se algo errado pode acontecer, parece que é quase certo que acontecerá conosco, os paranistas. Impressionante.

Nessa coluna, nem vou me estender muito, até porque não sou da área do Direito e não me sinto confortável em adentrar no mérito exclusivamente técnico da discussão, mas preciso levantar algumas questões para tentar digerir mais essa tragédia.

1 – Que tipo de esterco é a base alimentar de quem contrata um treinador inútil como Ricardo Pinto como condição em troca de um patrocínio milagroso (quando a esmola é demais…)  sem assinar NENHUM documento, nem com o ~treinador~, nem com o patrocinador, vinculando tudo? O processo envolvia nove dívidas e a maior delas era com ele.

Curiosidade: em 2011, na queda de Roberto Cavalo, a bola da vez para comandar o banco paranista era Ney Santos. Mas, de última hora, o ex-goleiro poodle foi contratado. O ex-capitão paranista foi treinar o Rio Branco, que escapou do rebaixamento. Ricardo Pinto terminou de nos rebaixar…

2 – Essas ações que levaram ao leilão estão rolando há um tempo. O valor de avaliação do imóvel foi de cerca de 23 milhões, uma piada. Por que ninguém contestou esse valor?

3 – Ainda quanto ao andamento das ações. O clube reconheceu uma dívida muito pior e igualmente contestável, com o Leo Rabello. Por que o departamento jurídico do clube, em troca de um acordo mais razoável, não reconheceu a dívida para reduzir a bucha?

4 – As entrevistas à imprensa esportiva dão conta de que a tentativa de embargo ao leilão será embasada, dentre outras coisas, nas cláusulas de inalienabilidade da Vila Olímpica. Por que isso não foi alegado já durante o processo, para evitar que se chegasse à batida do martelo?

Ok, agora tudo isso já passou e o leilão já ocorreu. Temos dois cenários possíveis. O primeiro, a diretoria não conseguir reverter a cagada e a Vila Olímpica ir embora para um empresário ter um lucro exorbitante com um empreendimento no local. O segundo que, espero, seja o que aconteça, é o leilão ser cancelado. Mas aí restam outras dúvidas mais pertinentes, olhando para frente.

– Cancelado esse leilão, o argumento será válido para evitar novo leilão em outras ações?

– Quanto tempo levaria para o Paraná conseguir um ato trabalhista – separando parte da renda para pagamento de dívidas? Isso seria válido para evitar novos leilões nos moldes do que aconteceu com nossa Vila Olímpica?

– Qual é o pensamento dessa diretoria com relação ao uso de nosso patrimônio?

Mas, caso ocorra o primeiro cenário, o Paraná vai ter que aprender a conviver e cultivar o único patrimônio que tem e que ainda depende só dele (e dentro de campo!): sua torcida. Se for perdendo patrimônios, somente com improváveis títulos é que alimentará a manutenção e crescimento do número de torcedores, seu mais valioso patrimônio. Pois enquanto houver um verdadeiro paranista vivo, o Paraná Clube jamais morrerá. Apesar de tanta gente incompetente, mesquinha, egoísta e (!!!) ciumenta que já passou pela instituição.

Bola rolando

Prometi e cumpro. Na minha última coluna critiquei o trabalho de Nedo Xavier e a zona de conforto em que uma parte do elenco paranista se encontra. Após o jogo contra o Luverdense, vi ao mesmo tempo que estava certo e que posso estar um pouco errado também. Explico.

Acertei quando detectei a zona de conforto. Apesar da queda de qualidade técnica, a escalação sem certos atletas parece ter rendido mais do ponto de vista de resultado. O time continuou entregando bolas bobas, mas dessa vez correu muito mais para consertar a cagadas.

E errei um pouco quanto ao trabalho de Nedo. Embora tenha mexido muito mal durante o jogo, deu um recado claríssimo ao elenco quando tirou jogadores como Rafael Costa e Zé Roberto, bons tecnicamente mas que estavam se doando pouco, muito desatentos e displicentes. Gostei dessa atitude. Marcos Paraná, embora ~grosso de bola~, tem ótima visão de jogo e é muito aguerrido. Luis Felipe é mais limitado que Zé Roberto, mas foi um monstro na zaga. Isso sem falar de Ricardinho, que acabou com o jogo na lateral direita.

Mas vale lembrar que a linha entre o acerto e o erro é muito tênue. Qualquer resultado que não a vitória contra o Mogi Mirim pede mudanças, e a pressão por elas pode ser para que aconteçam em qualquer sentido.

Vejo você na Vila!

Henrique Ventura

@henventura

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*Nota: O conteúdo postado neste espaço (colunas) é de responsabilidade exclusiva do autor, não necessariamente refletindo a opinião da Paranautas sobre os temas aqui abordados.