Já faz mais de um mês que fiz minha última coluna, em que comentei sobre a oportunidade histórica do Paraná Clube de aproveitar um bate-chapa na eleição para discutir a fundo soluções para problemas calamitantes do nosso clube. Hoje, vejo que eu estava errado, uma vez que ambas as chapas desperdiçaram essa chance. O debate foi raso e ninguém foi muito claro nos seus planos A e B para a instituição.
Mas mais danosa do que a discussão rasa e focada muitas vezes em aspectos pessoais foi a polarização causada na torcida. O torcedor, que já é sofrido há muitos anos, passou a carregar suas críticas e defesas com um fundo agressivamente político. O torcedor médio está ficando cada vez mais cego quanto aos fatos reais e possíveis do nosso clube e ignorando seletivamente erros e acertos nas decisões da diretoria.
Muitos paranistas descontentes com algumas pessoas que estão nessa diretoria (e/ou que apoiam a diretoria eleita na última eleição) e com o modo como o atual grupo gestor assumiu o clube mal podem esperar pelo menor deslize para criticar duramente e enxergar o pior cenário possível, um apagão da luz do fim do túnel. Coisas boas são ignoradas e as ruins, potencializadas.
Alguns paranistas ligados ou simpáticos à diretoria, ao atual grupo que gere o clube, abençoam qualquer decisão e rebatem críticas da pior maneira possível. Quando não é com o batido discurso de “Só quem está dentro sabe como é”, ou “Vai lá e faz você, já que você entende”, senão o “Pois é, né, então o tanto de cagada que faziam antes é que tava certo”, é com tom ironia e deboche que vem a defesa cega a qualquer atitude do clube. Algo que, além de deixar de mostrar à diretoria que algumas ações podem estar erradas – deixando os gestores numa perigosa zona de conforto -, causa um tremendo desconforto na torcida. Especialmente nos torcedores que ainda conseguem adotar uma postura imparcial de tentar analisar o que é certo e o que é errado.
O pior é que tenho amigos que cabem nos dois parágrafos e percebo que qualquer tentativa de avisá-los disso diretamente pode soar ofensiva, por mais que a intenção seja a mais nobre possível.
Fechando o caos com chave de merda, paranistas descontentes com alguma ação ou opinião ou extremamente maravilhados com outra deixam-se levar por algumas posições mais exaltadas e está feita a receita explosiva que pode causar implosão no nosso maior patrimônio: a torcida.
Por isso deixo essa coluna como o registro de um pedido às pessoas que se sentirem enquadradas no que citei. O Paraná Clube precisa que vocês mudem essa postura. Uma diretoria nunca está totalmente certa e nem totalmente errada. Sempre haverá erros e acertos. SemPRe será válido elogiar o que acontece de bom e necessário criticar e questionar o que parece ser errado. Mas que isso seja feito com fatos em mãos. A situação calamitante do clube não pode ser justificativa para qualquer ato desesperado da diretoria, assim como alguns atos esperados pela torcida não podem ultrapassar outras necessidades da instituição.
Com “a mão na consciência”, peço que quem se enquadra nesses grupos adote uma postura recíproca, da qual o Tricolor precisa mais do que em qualquer outra época de sua existência. Uma postura de união.
Vejo você na Vila!
–
Henrique Ventura
@henventura
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