Bem-me-quer, mal-me-quer

ventura

Na minha última coluna falei sobre aspectos gerais que o Paraná Clube deveria rever neste final de temporada visando o ano de 2017. E, com certa razão, alguns leitores me provocaram algumas contestações quando comentei sobre a manutenção de algumas peças do elenco. Então decidi analisar as peças usadas em todos os setores e avaliar, na minha opinião, quem deveria ficar para o ano que vem ou quem tem que pegar um Penha. Ao final da análise de cada setor, posso deixar sugestões de contratação. O texto é longo, mas espero que valha à pena.

GOL

Marcos – O nosso Spock tricolor divide opiniões na torcida. Se, por um lado, sua identificação com o clube não deixa dúvidas a ninguém, suas atuações causam controvérsia. Após um campeonato paranaense irretocável, apresentou falhas na série B em alguns jogos, salvou em outros. Para uma parcela da torcida seu tempo já passou, para outra parte continua sendo um dos pilares do time. Na minha opinião, deveria (e pelo jeito já renovou) ficar para 2017. Além de ser ídolo, Marcos tem as “costas largas” e pode dar maior tranquilidade para os goleiros mais novos vindos da base ganharem confiança aos poucos. – FICA.

Wendell – Parece ser arrojado, não hesita em sair do gol e já pegou até penalti. Mas falhou contra Criciúma e Joinville e parece precisar de mais “acabamento” em sua formação. Ainda assim, se o salário for aceitável, acredito que deveria ficar. – FICA

Murilo Prates – Mostrou enorme potencial em 2014, apresentou falhas em 2015 e em 2016 não jogou. Tecnicamente é um baita goleiro, mas a queda em seu rendimento preocupa e o salário dizem não ser dos mais baixos. Se abaixar, deve ficar. Caso contrário, deve abrir espaço para os mais novos. – SAI

Sugestão de contratação: nenhuma. A base tem trazido bons valores na posição.

LATERAL

Aí o bicho pega. Temos apenas 3 laterais de ofício no elenco, e de qualidade contestável. E temos um lateral que, na verdade, é praticamente um atacante, posição em que é mais útil.

Lucas Taylor – O típico lateral “funcionário público”. Cada cruzamento é uma carimbada na zaga. Fraco tecnicamente e ruim na marcação. – SAI

Diego Tavares – Uma das grandes contratações do ano. É mais útil no meio ou no ataque, mas não compromete na lateral. Vale o esforço de uma renovação de contrato (que vai até o fim de 2017) para não ter que sair na marra no meio do ano. – FICA

Henrique Gelain – Horrível. Fraco tecnicamente, alterna momentos de raça e de sono. Não deveria nem ter vindo. SAI

Rafael Carioca – TEMOS UMA POLÊMICA. Tem qualidade técnica, agudez ofensiva e, quando está com a cabeça em ordem, ajuda bem na defesa. Porém, abusa da individualidade às vezes, mostra desobediência tática e irrita a torcida, além de, segundo informações, ter um extra-campo um pouco agitado. Se não se compenetrar, colocará em risco uma carreira que ainda é promissora. Na minha opinião, deveria ficar (lembrando que Wendell Borges, cornetado aqui, hoje farda a titularidade do Bayer Leverkusen). Tem que ver se ele já não está mesmo forçando uma saída. – FICA.

Sugestões de contratação: Diego Giaretta (Criciúma), Raul Prata (Luverdense), Marcelo Cordeiro (Vila Nova), alguma observação na base.

ZAGA

É…não preciso comentar, né? Vou direto para as avaliações.

Leandro Silva – Um caso interessante de zagueiro experiente que não sabe usar a experiência. Fora de forma, protagonista de expulsões bestas e quebrador (bem meia-boca) de galho na lateral e na volância. Já jogou muito bem por aqui em outros anos, mas em 2016 foi terrível. – SAI

Pitty – Fez um baita campeonato paulista pelo São Bento. Antecipava todas pelo alto, ganhava no mano a mano. Aqui talvez tenha feito apenas umas duas partidas razoáveis, o resto de ruim para baixo. – SAI

João Paulo – Experiente, lúcido e voluntarioso, apesar de um tanto lento. Uma boa opção para a sobra. Bom para compor elenco com uma zaga um pouco melhor. Talvez nosso zagueiro menos pior em 2016. Ainda assim, precisa abrir espaço para chegar gente nova, barata e boa. – SAI

Alisson – Jogou muito aqui em 2014, mas em 2016 parecia que jogava recém-saído de uma feijoada, até por quase não ter jogado pelo Botafogo em 2015. Cresceu na reta final do Ruralito, mas com a inconstância do time na série B, decaiu novamente. Acredito que no ano que vem, com mais ritmo prévio de jogo, pode voltar a mostrar um bom futebol e vale uma renovação do seu contrato que também finda em 2017. – FICA

Zé Roberto – Lento e mal posicionado. Parece contar as horas para se aposentar. – SAI

Leonardo – Desengonçado, mal posicionado, lento e sonolento. Nem deveria ter vindo. – SAI

Sugestões de contratação: mercado difícil para a posição. Quem presta, custa caro. Cabe tentar: Leandro (Brasil-RS), Wellington (Foz do Iguaçu)

VOLANTE

Posição talvez mais recheada de jogadores com contrato mais longo. Mas é necessária reciclagem com novas contratações.

Uchoa – Contestado, irregular, destemperado e polivalente. Interessante para compor elenco, mas nunca para ser titular absoluto, como vem sendo desde 2015. Mas deve ficar para auxiliar o entrosamento no novo grupo. Tem contrato. – FICA.

Fernandes – Contratado como lateral, rende melhor na meiuca. Fraco tecnicamente, compensa a ruindade com muita voluntariedade. Peça interessante na composição de elenco, apenas, e tem contrato. – FICA.

Lucas Otavio – Jogou mal em metade do ano. Começou a se acertar no time com Martelotte, mas foi preterido pelo “gênio” Roberto Fernandes. É muito técnico, raçudo e erra poucos passes, algo fundamental na saída de bola. Mas seu salário alto e os planos que o Santos deve ter para ele devem encerrar seu ciclo no Tricolor. Ainda assim, se fosse possível, gostaria que permanecesse. – DEPENDE DE OUTROS FATORES

Claudevan – Jogou bastante com Martelotte e mostrou potencial, mas ainda parece meio atrasado na transição para o time profissional. Deveria renovar e ser emprestado para pegar viço. – SAI

Jhony – Promessa da base, entrou bem contra o Paysandu e estreou com assistência (meio sem querer) para o gol de Karanga. No sub17 tem papel importante também, mostrando seu potencial. – FICA

Sugestões de contratação: Pio (ex-Fortaleza), Jean Patrick (Luverdense), observações da base.

MEIO OFENSIVO

O elenco até tem boas opções de titularidade, mas necessita de reposição e recilagem.

Christian – Parece que veio só visitar o DM. Catimbento e interessante para jogos mais “falados” e de arbitragem fraca. Mas não podemos perder uma peça de escalação só para isso. Nem deveria ter vindo. – SAI

Murilo Rangel – Joga melhor como “terceiro volante”, vendo a zaga adversária de frente. Tem bom arremate de média distância e boa movimentação, apesar de dormir em momentos do jogo. Ótimo reserva. – FICA

Valber – Enquanto as lesões deixaram, foi bem, incisivo, com boa movimentação. Conforme passou a jogar no sacrifício, pareceu mais hesitante em campo, disperso e individualista. Ainda assim, valeria insistir em 2017, dependendo do salário e das condições clínicas. – FICA

Nadson – Craque do time, melhor jogador do elenco, foi mal explorado pelos treinadores nesse ano. Praticamente letal perto da área, jogou buscando muito a bola na intermediária defensiva e facilitou a marcação adversária. Mas deveria ter seu contrato renovado para evitar saídas “na marra” no meio do ano. – FICA

Guga – potencialmente bom tecnicamente, mas parece que falta um tanto de confiança ao piá. Um empréstimo para jogar o Ruralito por outro time faria bem a ele para mostrar que pode ser peça útil na série B. – SAI

Sugestões de contratação: Moisés (Vila Nova), observações da base.

ATAQUE

Hora de falar de um problema crônico no Paraná.

Fernando Karanga – tecnicamente mediano, mas raçudo. Às vezes até demais. Mas nesse ano pareceu hesitante em alguns lances e individualista demais em outros. É suspenso demais. Até valeria o teste, parece que pode dar samba no comando de ataque, mas o salário talvez não compense. – SAI

Nubio Flavio – hein?. – SAI

Paulinho Peres – entrou em uma fogueira contra o Avaí e mostrou personalidade e agudez ofensiva. Mas talvez precise mudar um pouco de ares, com uma renovação seguida de empréstimo. – SAI

Guilherme Queiroz – não é nem sombra do que jogou em 2015 pela Portuguesa. Raramente ganha uma dividida ou acerta um drible. – SAI

Yan Phillipe – vem fazendo a transição da base para o profissional desde 2015. Tem potencial e cabe o teste. Versátil quanto à colocação ofensiva (referência ou segundo atacante) – FICA

Lucio Flavio – tem contrato. Bem ou mal, é nosso artilheiro no ano, como há muito não tínhamos. Mas é nítido que precisa de uma sombra à altura para manter um nível decente de futebol. Pode jogar aberto pela ponta ou como centroavante – FICA.

Henrique – sua saída no fim de 2015 parece ter feito muito mal. Voltou em 2016 muito displicente e disperso. – SAI.

Sugestões de contratação: Junior Viçosa* Vitor Feijão (retorno de empréstimo do Coritiba), Anselmo (ex-Atletico Goianiense), Hugo (Luverdense), observações da base.

*Sim, eu sei que o Junior Viçosa é caro, por isso risquei o nome. Mas não deixa de ser um baita atacante para uma série B.

Vale lembrar que, ao que tudo indica, a folha salarial deve cair drasticamente para que o clube tenha lastro para honrar, além dos salários, as dívidas negociadas (principalmente o Profut), portanto uma análise meramente técnica não seja suficiente para a permanência ou contratação de certos atletas. E essa montagem barata de elenco torna ainda mais importante a manutenção de um certo entrosamento. Espero que a diretoria minimize os erros na montagem e monitoramento do time para um ano que terá Ruralito, Copa Sul-Minas-RJ, Copa do Brasil e série B.

Vejo você na Vila!



Já baixou o app da Paranautas? Baixe agora e fique por dentro de todas as novidades do Tricolor e da Paranautas:

Disponível no Google Play


*Nota: O conteúdo postado neste espaço (colunas) é de responsabilidade exclusiva do autor, não necessariamente refletindo a opinião da Paranautas sobre os temas aqui abordados.