Em um ano de investimentos ainda mais baixos, com um desânimo agregado de 10 anos na série B, o Paraná Clube reagiu surpreendentemente e vem crescendo na hora certa no Brasileirão de 2017.
Apesar do baixo investimento (ou em virtude disso), o ano começou mais coerente que os anteriores. Falando especificamente da gestão atual, ao invés de 2015 e 2016, em que a centralização do futebol foi em uma pessoa desatualizada e com conceitos questionáveis sobre o esporte, em 2017 a centralização (que, por si só, acho errada independente de qual seja a pessoa) foi no executivo de futebol Rodrigo Pastana, com maior conhecimento técnico de futebol, seus quesitos de análise e seus protocolos de ação e de gerenciamento de grupo.
Com a arrancada do time nos ultimos 2 meses, mesmo com a confusão mal explicada (e que assim permaneça) que culminou na demissão do técnico Lisca, começaram a brotar inúmeras análises e explicações para tamanha coesão e boa fase do time. Destaco, inclusive, a do paranista e competente jornalista Guilherme Moreira no portal Lance! (veja aqui a matéria), em ótimo texto que enumera os acertos do clube que levam ao sucesso momentâneo (e espero que dure até o final do ano!) atual do time na caminhada rumo ao acesso.
Mas permito-me fazer pouco caso de tudo que vem sendo apontado. Não por discordar do que foi apontado. Mas por achar que, em se tratando de Paraná Clube, no fim das contas tudo não passa de coincidência. Explico.
Nesses dez anos de série B, o Paraná semPRe fez coisas certas e erradas em cada temporada. E nessa não é diferente, os acertos ganham os devidos elogios, mas a boa fase esconde alguns erros. Mas em outros anos parecia que as coisas ruins que aconteciam ao time não tinham explicação. Aparentemente não havia, via de regra, relação direta das infelicidades em campo com os erros de gestão, ainda que algumas relações fossem obvias.
E em 2017, embora consiga-se atribuir algum vínculo de causa e efeito dos acertos com a boa fase (especialmente no aspecto salário do elenco em dia), não há uma relação exatamente direta com o que acontece de bom em campo. Neste ano, fizemos vários gols nos minutos finais de jogo. Em anos anteriores esses mesmos gols provavelmente teriam sido contra nós (o gosto amargo de 2013 permanece até hoje, por exemplo). Ou o chute do Renatinho contra o Londrina iria parar lá na Brasilio Itiberê. É até chato e piegas falar isso, mas as coisas estão finalmente dando certo para nós porque está escrito que é a hora de darem certo.
Se vamos realmente conseguir o acesso, eu não sei. Ninguém sabe. Temos 13 rodadas pela frente, ainda, e isso é chão pra carajo. Mas está sendo muito prazeroso curtir a evolução do time a cada rodada, curtir a emoção de cada jogo. Acredito, inclusive, que o clube deveria explorar mais esses momentos e convidar o torcedor a tratar essas idas às partidas como um ritual, como parte da vida dele realmente. Afinal, a boa fase infelizmente não vai durar para semPRe e vamos precisar no futuro desse torcedor que, após muitos anos de desgosto, vai curando as próprias feridas e se acostumando novamente a ver o Tricolor buscar seu lugar ao sol. Vamos precisar que essa porção considerável da torcida enxergue que a resistência vale à pena.
E antes que fique uma margem para interpretação equivocada desta coluna, deixo claro que é óbvio que cada acerto influi positivamente na boa fase atual e que concordo com a maioria dos pontos positivos apontados por diversos torcedores e segmentos da imprensa local. Mas me refiro ao fato de que nada disso bastaria se aqueles bons ventos não estivesse voltando a soprar dentro das quatro linhas. Normalmente, diante da competência faz-se prevalecer a boa fase. Em se tratando de Paraná Clube, eu diria que a boa fase faz a competência prevalecer em peso sobre o que continua acontecendo de erros. Que continue assim. E que possamos comemorar todos juntos o acesso no final do ano.
Vejo você na Vila.
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