Âncora ou lastro? – PARTE 1

ventura

Olá, torcedor paranista. O combo de textos que inicia hoje vem sendo redigido homeopaticamente há algumas várias semanas, mas precisei acelerar para não perder o timing da discussão.

Afinal, recentemente a Torcida Fúria Independente emitiu uma nota (e, no jogo passado contra o FC Cascavel, abordou o tema com uma faixa com os dizeres “Paraná Clube é futebol”) chamando o setor social (ou o que sobrou dele) do clube de “âncora”, atribuindo a ele papel principal pelo fato de o clube não deslanchar, e solicitando sua extinção e consequente venda do patrimônio que abriga tais atividades.

Embora eu respeite muito a única torcida organizada do nosso clube, tenho uma visão contextual de instituição completamente oposta nesse quesito e considero trivial me manifestar, já que um assunto de cunho tão íntimo do clube veio à tona de forma aberta por uma instituição de tamanho peso na vida do Paraná. Em um especial com quatro a seis textos, vou falar sobre patrimônio, fidelização do sócio, uma visão externa da gestão e como a relação entre esses todos os quesitos torna a sede Kennedy um trunfo em potencial para o Tricolor e como sua perda seria lamentável e até perigosa para a perenidade do clube.

A finalidade do clube, na minha visão:

O Paraná Clube é um clube de futebol. Jamais ousarei negar esse fato. Mas é um clube de futebol que ainda tem potencial para oferecer algo diferente ao seu torcedor fidelizado e para atrair a comunidade para vivenciar suas cores. Isso será abordado no momento oportuno.

Capítulo 1 – Histórico do patrimônio

Preciso começar com o clichê de que o Paraná Clube nasceu gigante e definhou. Tudo o que fizemos desde 1989 foi desmanchar o patrimônio herdado dos clubes ancestrais. Anote: tínhamos um estádio próprio e uma sede em um bairro que veio a ser um dos mais populosos da capital paranaense (coincidentemente, de acordo com as pesquisas, na região que possui maior proporção de paranistas na cidade), um estádio próprio na ligação de Curitiba com o aeroporto, uma sede campestre (que veio a ser nosso CT hoje), um terreno em Guaratuba, um flat para operacionalizar hospedagens temporarias para treinadores, atletas etc, uma sede no Tarumã (exatamente em frente ao que pode ser um dos maiores centros comerciais da cidade nos próximos anos) e a sede da Avenida Kennedy, em um bairro que até hoje figura entre os mais valorizados de Curitiba; além disso, tínhamos à disposição para uso um estádio que sediou a primeira Copa do Mundo realizada no Brasil e um estádio da Federação Paranaense de Futebol para sediar jogos maiores (aliás, foi onde levantamos nosso último caneco).

O que restou disso tudo? Apenas o estádio próprio (Vila Olímpica), a sede campestre (Ninho da Gralha) e a sede da Kennedy (parte dela, porque o salão está arrendado). Ganhamos um “respiro” de mais 30 anos com a querida Vila Capanema, que seguimos utilizando, mas, frise-se: na matrícula, ela ainda não é nossa. Cada pecinha que se foi, daquelas outras, ou foi descuido puro (caso do terreno de Guaratuba, que contém evidências de que não é mais nosso), ou foi com o pretexto e aquela esperancinha: “Se negociarmos/nos desvencilharmos do __(insira qualquer imóvel aqui)___, zeramos as dívidas e vai ficar mais fácil tocar o clube”. Bullshit!

O Paraná Clube, em seus primeiros anos de vida, ignorou e subestimou os cenários possíveis de futuro na mesma proporção em que empilhou títulos e glórias. Hoje, eu renomearia a brilhante obra de Carneiro Neto de “O voo certo” para “O voo mal planejado”. E o resultado disso é que não construímos patrimonio algum desde a fundação. Apenas nos desfizemos, perdemos. Assim como perdemos valor. Perdemos dignidade. Perdemos espaço de torcida. Todo esse desmanche resultou em um clube são, sem dívidas e com capacidade de investimento? Não. Nos desfizemos de todas essas áreas para continuar sendo o clube que semPRe tem um esqueleto milionário no armário, prestes a assombrar os orçamentos.

O próximo capítulo é sobre os sócios. Logo, logo vai ao ar.

Vejo você na Vila!



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*Nota: O conteúdo postado neste espaço (colunas) é de responsabilidade exclusiva do autor, não necessariamente refletindo a opinião da Paranautas sobre os temas aqui abordados.

One thought on “Âncora ou lastro? – PARTE 1

  1. Com
    ncordo plenamente com seu texto,e gostaria muito que todas as diretorias que passaramvoce feita uma auditoria para ver aonde foi o dinheiro do clube.Um clube que tem um salao de festas que para ser reservado tinha filas enormes, e olha o custo do aluguel era caro, aonde foi este dinheiro senhor casinha e outras atrocidades como a venda do Thiago Neves e outras.

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