Tanta gente repudia a Segunda Divisão, colocando-a como o inferno dos infernos, a vergonha das vergonhas, a abissal das abissais regiões a se habitar. De tal análise até não se pode tirar toda a razão, porque, todos sabemos, é muito ruim tropeçar, pois isto implica em ter de retomar a caminhada, com algum atraso.
Pior ainda que tropeçar é cair, igualmente sabemos, pois, ao cairmos, invariavelmente nos machucamos, física ou moralmente, tendo que despender tempo, energia e tantos outros recursos para o soerguimento, a escalada ao nível anterior e subseqüente, o tratamento e a cura das feridas e a retomada do caminho inicial, por onde já terão passado e chegado ao destino escolhido muitos outros caminhantes, enquanto alguns passaram, resvalando, para quase despencar, também, no tal abismo, havendo ainda aqueles que se deleitaram, escarnecedoramente, com a queda do irmão desafeto, quase ninguém se detendo para expressar solidariedade e cooperação (ao contrário, o que mais se costuma fazer é rolar pedras da escarpa, a dificultar a escalada do claudicante, ou mesmo a minimizar a chance de sobrevida do desafortunado cadente).
Em verdade, acho que não se deve levar a questão para o lado da afetação moral, para que não se minem as forças de sobrelevação. Faz-se necessário, em casos que tais, manter-se hígida a parte psicológica, ou moral, ou emocional, a fim de que não se perca a energia de recuperação. E é o caso do Paraná Clube, que precisa se soerguer, valendo-se do moral elevado, para não debilitar o ânimo. O estrago físico é evidente, mas temos que voltar para a luta, na busca de nosso inalienável lugar ao Sol. A vergonha, esta até existiu, nos momentos mais agudos do pré e pós-tombo, enquanto evolvida de nosso aturdimento, mas tem que ser deixada de lado, para dar espaço à ação positiva, criadora, proficiente, para cima (sem trocadilho).
Mudar de ponto de vista é fundamental. A Segunda Divisão é ruim, porque debilita as finanças do Clube, mas é campeonato que, quer se queira ou não admitir, habilita os seus inscritos a auferir glórias, na medida do esforço e competência dos próprios interessados. Sair dela é sinal de conquista, de ascensão, de glória, mas não é demérito total estar nela, desde que ali se labute com dignidade. Não fosse assim, não haveria gente brigando para conseguir vaga na Série ‘D’ (4ª Divisão) do Campeonato Brasileiro, como vimos, nesta semana, com a revolta de alguns torcedores do Operário, por conta da significativa derrota para o Cianorte, na também disputa pelo título de campeão do interior (Campeonato Paranaense, com cuja 2ª Divisão o Tricolor 2011-1º quadrimestre fez questão de nos presentear); ou seja, para eles, até a Série ‘D’ é importante.
Assim, caros leitores eletrônicos, apaixonados, abnegados e persistentes torcedores, súditos fiéis da bela Gralha Azul, Gralha Azul e Vermelha, Gralha Azul, Vermelha e Branca, nem tudo parece estar perdido, pois na derrota existe a lição para a vitória. E a força das conquistas virá da mudança de posicionamento; ou seja, deixemos de lado o desânimo, o pessimismo, a vergonha, a raiva, a frustração, e demos lugar ao otimismo, à alegria de viver, sendo paranista. Para que se possa ser feliz, basta que se mude o ponto de vista, mesmo que se iludindo um pouco, novamente, e de novo, e de novo, mas sempre procurando olhar as coisas sob óticas variadas, para não se perder a esperança, a fé, a razão de viver, o prazer e a alegria de ser Tricolor do Paraná.
Henrique, o Sênior – 14/15.05.2011.
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