O fundo do poço como ele é

ventura

Apesar do mesmo nome, não se trata da mesma pessoa nesta coluna. Sou Henrique “Caniggia” Ventura, editor de algumas matérias deste portal e peço licença, desde já, para “seqüestrar” esse espaço do meu pai na Paranautas. Afinal, já que a frescura CEP (Crise Existencial Paranista) que toma conta dele o fez ficar mais de três meses sem postar uma vez sequer, aproveito o rompante que me surgiu pra desabafar sobre todo o meu paranismo por aqui.

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Esse sou eu, cornetando na reta.

É inacreditável a influência que o nosso Paraná Clube tem sobre o nosso cotidiano. Quando o time está bem, parece que tudo dá certo na vida, o trabalho fica mais suave, a vida fica mais leve. Mas há quanto tempo não sabemos o que é ver o nosso time bem? Acredito não haver necessidade de maiores detalhes.

Cerca de uma vez por ano eu faço um balanço da minha coleção de camisas de time. Conto a quantidade, organizo, “dou uma geral”, tiro o bolor, separo por regiões, etc. E aí recebo uma facada conotativa muito dolorida no peito. Vejo, na minha coleção, camisas de times inexpressivos que jamais imaginei que fossem jogar contra o meu Paraná Clube, tais como CRB, Icasa, Asa, Joinville, Chapecoense*. Nada contra as instituições em si – principalmente as duas últimas, tradicionalíssimas –, mas são clubes que eu cresci vendo jogar em divisões muito inferiores à que o Tricolor disputava e, hoje, encontram-se em pé de igualdade no futebol. É desgosto demais para mim.

Mas não é desgosto só porque eu amo esse clube. É desgosto porque é um clube que pode mexer com as emoções de qualquer um. Nossas cores, nossos símbolos são chamativos, conquistam fácil qualquer interessado pelo futebol.

E aí é que aproveito pra dizer que, mesmo nessa situação, esse clube me dá mais orgulho do que desgosto.

Orgulho de ir para qualquer lugar para fora de Curitiba e ouvir, quando me identifico como paranista, maravilhas sobre as impressões que os ‘forasteiros’ populares tem sobre o Tricolor. Orgulho de, mesmo com o time no fundo do poço (sim, não creio que a situação possa ficar tão pior do que já está), ver tantos paranistas desfilando na cidade com a nossa bela e única camisa. Orgulho de ver minha filha de colo na nossa Vila Capanema querida vibrando, apontando para o escudo único com a gralha no placar do relógio da reta, gritando gol e se sentindo muito bem, mesmo sem ninguém ter lhe explicado o motivo de ela estar ali.

Muitos dizem que chegamos aos nossos 22 anos sem nada para comemorar, mas eu discordo. Chegamos nessa idade atingindo o fundo do poço, com muito a lamentar, mas muito mais ainda para comemorar. Por um simples motivo: é o NOSSO Paraná Clube, é a nós que ele precisa dar orgulho e a mais ninguém. A fase é péssima, mas a torcida que ainda resiste não deixará nosso Tricolor passar do fundo do poço. Temos um passado de glórias que pode, muito bem, embasar um futuro repleto de felicidade, embora o presente seja lamentável.

E aí deixo dois pedidos. A quem tem pique pra lutar com unhas e dentes por um Paraná Clube melhor, se “armar” com a ferramenta do sócio-olímpico, buscar o conselho, discutir idéias palpáveis, combater os “urubus”, que lute, não deixe o Tricolor ser mais pisado do que já está. A quem não tem pique, já foca em outras prioridades da vida e já se considera desenganado, já se afastou, que não se afaste ainda mais, que aguarde e confie em quem está lutando pelo nosso clube. Dias melhores virão.

Somos uma nação à parte. O paranismo não se cria como uma moda, ele se perpetua e se multiplica de onde ele já existe. Pense nisso.

 Eu nunca vou te abandonar.

 Henrique “Caniggia” Ventura.

@henventura

*A Chapecoense pode herdar a vaga do Ipatinga na série B, caso o clube mineiro confirme sua intenção de fechar as portas.



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*Nota: O conteúdo postado neste espaço (colunas) é de responsabilidade exclusiva do autor, não necessariamente refletindo a opinião da Paranautas sobre os temas aqui abordados.