Sem alcatra, sem jiló.

ventura

Hoje o Tricolor não tem mais chances de vencer o primeiro turno do campeonato paranaense 2013. Ao mesmo tempo, parece que nunca foi tão fácil e nunca foi tão difícil levar uma etapa desse torneio da Quinta Comarca. Por um lado, duas vitórias que escaparam já nos dariam todas as condições de comemorarmos a vaga na final antecipadamente. Por outro, mesmo invictos já estamos fora da disputa do turno com duas rodadas de antecedência.

Temos que ponderar. Toninho Cecílio vem errando feio nos últimos três ou quatro jogos. Porém, ele armou bem o time que, mesmo de sangue doce, terminou os 10% finais do Brasileirão 2012 invicto, condição na qual permanece até agora, totalizando doze jogos. A base foi mantida, mas parece que o treinador ainda não conhece plenamente seu elenco, contando com as peças novas. O que precisa ser acertado para o returno (e o campeonato!) ser nosso? Vamos lá.

1 – Toninho Cecílio precisa entender que ataque define resultados, mas meio de campo ganha várias partidas. Temos pelo menos cinco jogadores talentosos para o ataque, e o treinador não está errado em tentar abranger o máximo deles como titulares. Porém, temos três excelentes e versáteis meias no elenco, mas só um deles – o ídolo Lúcio Flávio – é aproveitado no esquema atual. Proporcionalmente, a coerência da tentativa de dar chance “ao máximo” dos jogadores da posição vai por água abaixo. Cecílio precisa rever seus conceitos sobre as características de cada atleta e o encaixe com o esquema.

2 – O treinador já queimou dois jogadores. Paulo Renê foi superestimado e superprotegido quando jogou improvisado como centroavante, mesmo sendo atacante pelos flancos, em sua origem. A blindagem do treinador não funcionou, atrapalhou o psicológico do atleta – que passou a não render sequer nas jogadas adequadas à sua característica – e, por fim, terminou com o ex-Gama no banco. Luisinho é um meia de origem, talentoso e de drible rápido, com boa visão de jogo. Mas a insistência de Toninho em colocá-lo jogando de costas para a zaga sem porte físico para tal função culminou com vaias de parte da torcida para o jogador no jogo contra o Arapongas e com banco para o atleta no jogo de hoje. Com os principais atletas à disposição (PRINCIPALMENTE os meias), o ~chefe~, no mínimo, deve dar chances a cada jogador jogando em sua respectiva especialidade. Mas sem abusar. Não rendeu após uma amostra média de oportunidades, tem que tirar antes que se queime uma peça.

3 – Laterais-zagueiros. OK, Toninho considera 4-4-2 o esquema mais equilibrado para o elenco e, para isso, precisa de laterais que saibam marcar. Até aí, tudo bem. Mas Gabriel Marques e Gilton estão “batendo cabeça”, estão desestabilizando até mesmo a ótima dupla de zaga que temos. Justamente porque – como citei na minha coluna da semana passada – estão fechando constantemente a linha de zaga, na maioria das vezes na função de “último homem”. Gilton, por exemplo, tem se mostrado mais perdido do que camisinha em convento. O treinador precisa decidir. Se quer laterais que componham a zaga e marquem predominantemente, é melhor por um zagueiro. Nossos jogadores de lado já deixam a desejar tecnicamente. Se forem atrapalhados taticamente, aí a coisa piora.

4 – Sobras. Achei que fosse óbvio, mas pelo jeito não é. Com três jogadores no meio de campo, estamos perdendo a sobra nas bolas paradas. Tanto no ataque, quanto na defesa. Mas aí não necessariamente é culpa exclusiva do esquema tático. É falha também dos laterais e dos atacantes, que não acertam o posicionamento para aproveitamento do rebote. Mais uma dor de cabeça para Toninho Cecílio.

Enfim, como falei no começo da coluna, nem tanto ao céu, nem tanto ao colo do tinhoso. As quatro principais falhas a serem corrigidas estão escancaradas, mas o time não é ruim. Temos um elenco qualificado (exceto nas laterais, problema crônico em 90% dos times) e um treinador que, se não é o ideal para as peças que temos em mãos, incorporou o trabalho do clube e se identificou com o projeto, passando essa vibração também para os atletas. Devemos estar, sim, confiantes. Mas atentos para que os erros citados acima não se repitam em campo.



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