Juntando os cacos

ventura

Não faz isso, Paraná Clube. Não judia assim do nosso coração.

2013 tinha tudo para ser O ano! Aquela declaração digníssima do Dado após a vitória contra o Boa. Aquela vitória emocionante contra o Sport com um gol que chamei de “o gol do acesso”. A Vila Capanema quase lotada por várias vezes.

O Paraná está perdendo o acesso para si mesmo e jogando pelo ralo toda uma mobilização ímpar. Nunca, em nossa história, ou na história de 99,9% dos clubes de futebol do mundo, foi vista tamanha simbiose entre torcida, dirigentes e atletas. É muita sacanagem isso ser deixado para trás.

Estamos criando uma geração de paranistas oposta à maioria de nós. Enquanto crescemos com a certeza da vitória, vendo o Paraná ganhar títulos e ficar quinze anos ininterruptos na série A, as crianças tricolores de hoje veem o time perder pontos absurdos, ter dificuldade para ganhar clássicos e até de times pequenos – como tem sido constante na série B – e está prestes a torcer pelo time que está há mais tempo na série B.

Antes do jogo, passei pela sede da Fúria e vi um menininho perguntando a um desconhecido, na maior inocência: “O Paraná vai ganhar, né?”. No estádio, inúmeras crianças no cangote dos pais, ansiosas por uma vitória Tricolor. Todas elas, certamente, saíram decepcionadas da Vila e sem entender o que aconteceu, formando uma geração frustrada. Isso não pode acontecer! Está quase acontecendo, mas não pode acontecer.

Poxa. Nesse ano a torcida patrocinou o time, recepcionamos com festa o elenco no aeroporto após uma série desastrosa de maus resultados, lotamos o setor de visitantes em Joinville, colocamos mais de 50% de lotação na Vila Capanema em mais da metade dos jogos. Eu mesmo vi no estádio muita gente que não pisava na Vila há muitos anos. Isso ficar para trás é muita judiação, é de cortar o coração do torcedor paranista. É causar incertezas fortíssimas quanto ao nosso futuro.

Racionalmente, analisando a atuação do time nos últimos jogos, fica difícil acreditar, ainda mais se considerarmos o gosto amargo dos dois últimos jogos em casa. Mas como coração de torcedor é quase como o de mulher de malandro, lá foi o idiota aqui fazer mais uma simulação em um dos aplicativos simuladores de tabela. E, adivinha só: Mesmo considerando mais uma derrota nos próximos cinco jogos, ainda há chances de subirmos…e na terceira colocação! Credito a isso os próximos confrontos diretos entre nossos adversários. Mas, em toda a fórmula matemática do acesso, o único adversário realmente mais difícil de ser batido é ele: o próprio Paraná Clube.

Eu ainda acredito, mas não espero que você também acredite. A situação é complicadíssima. Como já falei, mais por causa do Paraná Clube do que pelos concorrentes. Mas ainda dá pra corrigir – desde que o Dado não saia….

Paraná x Palmeiras

Cabe aqui uma pequena resenha. O Palmeiras veio nitidamente para ~cozinhar~ o jogo. O Paraná foi incapaz de realizar uma transição envolvente. No primeiro tempo, havia um buraco no meio de campo e só não tomamos um gol porque o Palmeiras não fez força. Pecávamos por não colocar velocidade nas costas do risível Luis Felipe. Na etapa final, faltou essa insistência no lado direito deles, mas passamos a ganhar mais a sobra. E, assim, saiu o gol num pombo sem asa do Edson Sitta. Mas, mais uma vez, o Paraná se mostrou um time que não é azeite, mas é extra-virgem. Como um time cabaço, abdicou da malandragem, desistiu de manter a bola lá na frente. Anderson, do topo de sua pretensa experiência, deveria ter se aproveitado de sua lesão e se jogado no gramado, feito cera, aquelas coisas que todos os times fazem quando estão ganhando de nós. Mas não. Todo mundo ficou só olhando o tempo passar. E Leandro empatar o jogo. Tá foda. O resultado só não foi mais desastroso porque um ponto vale mais do que nenhum. É só ver o caso da Chapecoense. Empatou os últimos cinco jogos, algo aparentemente ruim, já que 3 deles foram em casa. Mas se, ao invés de empatá-los, tivesse perdido, hoje estaria com a mesma pontuação do Sport e no “bolo” que briga ferrenhamente pelas duas últimas vagas. Foram empates que fizeram a diferença. Como espero que tenha sido nosso empate de ontem.

Vejo você na Vila!

Henrique Ventura

@henventura

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