Charles Darwin propôs, lá no século XIX, sua versão da teoria da evolução das espécies. A teoria – hoje aperfeiçoada pelos conceitos modernos da genética – prevê que os indivíduos mais adaptados às adversidades do meio em que vivem tem maiores chances de sobevivência. Sucesso!
Com a crise progressiva nas finanças do Paraná Clube, o clube passou a fazer o que já deveria ter feito desde que caiu ao purgatório da segundona: utilizar mais seus atletas da base. Nem tanto pelos clichês de que eles “tem mais vontade” ou “tem mais amor a camisa”, mas principalmente por contenção de gastos e vitrine para eventual lucro em negociação.
A questão é que nossa base tem crônicos problemas, e não é de agora. Desde 2003, quando chegou-se ao ponto de firmar uma parceria envolvendo troca de percentuais de atletas por alimentação para a piazada, temos sinais de gerência ruim da formação de nossos pratas da casa. Passando pela mudança para o Ninho da Gralha e as idas e vindas de parceiros, hoje a base continua com problemas estruturais, financeiros e de aprimoração de fundamentos. Ainda assim, surgiram nesse meio tempo Thiago Neves, Everton, Giuliano e Kelvin.
E hoje, em meio a uma situação vexatória em termos financeiros, temos no elenco profissional oito atletas recém promovidos da base. E arrisco dizer que talvez seja nossa melhor safra dos últimos anos. Não digo necessariamente no aspecto técnico. Mas na personalidade.
Assim como propunha Darwin para as espécies, nossas revelações atuais são claros exemplos de sobreviventes em meio às adversidades. A personalidade com que meninos como Julio Cesar, Marcos Serrato, Alisson Brand e os debutantes Murilo e Jean tem entrado em campo é algo tocante, vistoso e brioso ao torcedor paranista.
É uma pena que eles tenham que ter passado por tantas dificuldades. Mas, se há um lado bom nelas, é que foram forjados mais rapidamente jogadores que vem dando certo em campo e, se tudo der certo, podem dar re$ultado fora dele também. Isso sem falar na empatia gerada ao torcedor em ver tanta garra transbordando nas partidas.
Mas não é por isso que o clube deve continuar falhando com a base. Assim que possível, a “casa” lá em Quatro Barras precisa ser arrumada. Porque se, com todas as dificuldades, já surgem guerreiros de qualidade para a esquadra paranista, imagine se estiver tudo rodando “redondinho” na base. Essa evolução o Paraná Clube nunca deve desistir de buscar.
Vejo você na Vila!
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Henrique Ventura
@henventura
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