Motoboy de sutura

ventura

Falhei ao não escrever para este espaço nas duas últimas semanas. Ótima frase para começar essa coluna, pois é esse tema que abordarei: falhas!

Desde o ano passado, podemos contabilizar a pontuação de um turno de campeonato inteiro só em pontos perdidos de forma besta, infantil, cretina. Falhas individuais no aspecto técnico, tático ou de posicionamento vem decretando o afundamento da situação do Paraná Clube como um caroço de manga que cai numa esterqueira.

Não condeno jogadores por errarem. O que ouvimos desde criança nos ensina que errar é inerente à espécie humana. Falhar uma, duas, três vezes de forma isolada é algo que deveria ser um ensinamento, conduzir à busca pelo aprimoramento para que os erros não aconteçam mais. Mas não é o que vem acontecendo no Tricolor.

O que era para ser fatalidade, algo esporádico, está virando rotina. Estamos criando uma “identidade” perigosa, de motoboy de sutura, isto é… a função do motoboy é entregar e a sutura é feita com pontos. Explicados os fatores do trocadilho infame, tire suas conclusões.

Não vou nem mexer nos pontos do ano passado para não passar ainda mais raiva (atlético goianiense, oi?). Mas só nesta série B perdemos 15 pontos por erros bobos – boa parte deles na reta final dos jogos. No primeiro turno, três pontos contra o Joinville (aquele abraço, João Ricardo!), um ponto contra o Ceará, três contra o Avaí (dois gols após os 40 do segundo tempo), um contra a Ponte Preta, um ponto contra o América mineiro, dois contra a Portuguesa e um contra o Vasco. No segundo, um ponto contra o Boa e os dois de ontem contra, novamente, a Ponte.

Some esta pontuação aos pontos já conquistados e veja que poderíamos estar na disputa da liderança.

Não se trata de individualizar vilões. Ontem foi o Paulinho, outro dia o Anderson Rosa, o Henrique Santos e até o jovem Gabriel Yan. Amanhã pode ser outro atleta. O que questiono é… por que existem tantos erros bobos e decisivos? Por que, quando erramos, o adversário aproveita e, quando o adversário erra, não aproveitamos?

Tenho meus palpites. Falta de compromisso do grupo com a situação da instituição, incompreensão ou incredulidade dos atletas em relação ao que é passado pelo treinador, puro despreparo técnico ou excesso de confiança em fundamentos que não estejam tão bem treinados na carreira quanto o atleta acredita que estejam.

Seja com base nesses palpites ou em estudos mais precisos, isso precisa ser apurado pela comissão técnica e pela direção de forma séria, meticulosa e firme. Não podemos aceitar passivamente essa “botafoguização”** que está se sedimentando no Paraná Clube.

O torcedor também precisa acreditar que as coisas também podem dar certo para nós, mas isso só será realmente possível quando, pelo menos, elas pararem de dar errado.

**PS: Não quis ser pejorativo ao Botafogo de Futebol e Regatas, claramente um dos grandes e mais tradicionais clubes do futebol brasileiro. Fiz a alusão à frase usada pelos próprios botafoguenses, de que “tem coisas que só acontecem com o Botafogo”, até porque o histórico recente desse clube parece ser o de sofrer revezes inusitados também.

Vejo você na Vila!

Henrique Ventura

@henventura



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*Nota: O conteúdo postado neste espaço (colunas) é de responsabilidade exclusiva do autor, não necessariamente refletindo a opinião da Paranautas sobre os temas aqui abordados.