Acabou-se (dentro de campo) a temporada 2014 do Paraná Clube. Com um misto de desânimo por mais um ano fora da série A e alívio pela manutenção na série B, elenco aqui acertos e erros da diretoria paranista ao longo de 2014, além de dar um pitaco no que deveria ser feito para termos um 2016 melhor. Sim, um 2016 melhor. Porque 2015 já está comprometido, resta ver o que a diretoria vai fazer a partir disso.
Acertos
– Ainda que premida pela necessidade oriunda da péssima montagem do elenco, o bom uso e a descoberta de bons talentos da base confluem como um acerto da diretoria paranista.
– Apesar do erro na escolha do primeiro técnico do ano (na hora errada, afinal Milton Mendes até pode vir a se tornar um técnico de qualidade para nossas pretensões em um prazo de cerca de cinco anos), todas as substituições forçadas foram acertadas. As escolhas de Ricardo Drubscky, Claudinei Oliveira e Ricardinho, todas geradas após saída dos antecessores, foram cirurgicamente corretas para os respectivos momentos.
– A diretoria tentou colocar pessoas competentes e com “mente arejada” em posições importantes da administração.
– No campo jurídico, uma grande vitória contra o ex-jogador Jean Carlo aliviou em R$ 1,2 milhões o passivo do clube
– A parceria com a Racco que resultou no arrendamento, por 4 anos, do CT Racco Paraná Clube, com uma estrutura padrão FIFA, é um grande acerto que trará aos atletas mais condições de trabalho no cotidiano, além de dar um fôlego logístico.
– Ainda que de forma tardia, a dobradinha Ricardinho e Marcus Vinícius gerenciou o caos que dominava o elenco por causa das dificuldades financeiras. Um diretor de futebol mais próximo dos jogadores é fundamental.
– Conseguiu tocar adiante as negociações envolvendo um novo estádio. Tomara que dê certo.
(EDITADO) – Material esportivo proveniente de parceria com fornecedora internacional de ótima qualidade.
Erros (será que cabem aqui na coluna?)
– Escolheu errado o treinador para começar a temporada. Apostar em Milton Mendes nesse momento prejudicou o planejamento para o resto do ano.
– Erros de avaliação nos “reforços” vindos na virada do ano. Com o pretexto de que “jogador também é patrimônio” (uma vez que boa parte dos atletas era atrelada à Atletas Brasileiros S.A., de propriedade do Tricolor), despejou-se um caminhão de jogadores na Vila Capanema e em clubes parceiros (mas com contratos curtos). Deles, apenas Breno realmente vingou e gerou renda (vendido ao campeão brasileiro Cruzeiro). A maioria foi dispensada e fez o clube remontar o elenco no meio do ano.
– Renovou com jogadores como Ricardo Conceição e Edson Sitta – que realmente tem suas qualidades dentro de campo e na relação com o elenco – por valores absurdamente maiores do que o clube realmente poderia pagar. Isso sem falar no Brinner…
– Contratou Giancarlo com o maior salário do elenco, mesmo sabendo do seu histórico jogando por aqui. Ele terminou como artilheiro da temporada (marca que já foi de ícones como Joelson e Wellington Silva), e ainda com contrato longo. Fora de campo, o “Cone da Alegria” ainda armou seus circos. Precisávamos de um 9, de um artilheiro, mas não precisávamos pagar tão caro por isso, ainda mais sem ter dinheiro.
– De um modo geral, o clube gastou mais do que poderia.
– Teve sérias dificuldades na habilidade em lidar com os bloqueios judiciais (e suas origens) das verbas.
– Desatenção na integração base-profissional. Faltou avaliar, antes de trazer reforços, se não havia na base atletas com características similares.
– Marcos Amaral até pode ter “ajudado” bastante o clube já, mas o Paraná não pode ser refém de um só empresário e dizer “amém” a tudo que ele propõe. Um pouco mais de autonomia – vinda com a chegada de Ricardinho e Marcus Vinicius – é necessária ao clube para ser mais preciso na montagen do elenco e sua devida adequação à situação financeira vigente.
– Inabilidade em buscar receitas alternativas. Por exemplo, temos inúmeros jogadores revelados aqui, e três deles em especial foram negociados entre países diferentes recentemente. Welington Baroni, Tiago Neves e Giuliano. A soma do percentual de formação solidária deles soma cerca de R$ 1,5 mi. Com que volúpia o clube foi atrás desses recursos?
– Recusa de ajuda que não seja financeira. Recebo inúmeros relatos de gente que procurou ajudar o clube de alguma forma e não recebeu a devida atenção. Parece até que a diretoria estava aguardando um Sassá Mutema aparecer com 10 milhões de reais para fechar o rombo mais imediato…
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É claro que alguma coisa pode ter ficado de fora nos dois campos da avaliação, mas acho que já dá para se ter uma ideia do que houve de certo e errado em 2014.
Para 2015, o foco principal deve ser o de tornar o clube um pouco mais saudável. Tapar os buracos superficialmente, sem escavá-los ainda mais sem perceber, não é o caminho. Montar um elenco com custo mais próximo de zero (ATENÇÃO: Não significa trazer qualquer um a custo baixo, mas melhorar a avaliação e costurar parcerias interessantes), jogar limpo com a torcida e deixar claro que ela é fundamental para a SOBREVIVÊNCIA do Tricolor e que os dias melhores não virão imediatamente tornará menos árdua a busca por receitas.
É claro que o sonho do acesso sempre estará vivo nos torcedores e toda vez que ele não for atingido isso gerará uma insatisfação grande. Mas o objetivo palpável para 2015 deve ser acertar a casa com responsabilidade. De preferência, mantendo Ricardinho, Lúcio Flávio, Marcos e Marcos Vinícius.
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Antes servia, agora não
Tem gente que acha que torcedor tem que ser cego. Autoproclamado em nome da Paranautas, venho defender o portal da maledicência que um forista e ex-colunista vem espalhando nas redes sociais. A Paranautas tem inúmeros defeitos, todos aqui AMAM o Paraná Clube. Mas NUNCA irá agir como mero cordeirinho, balançando a cabeça pra qualquer merda que a diretoria – seja nesta ou em qualquer gestão – faça. E essa deve ser a postura de QUALQUER torcedor: entender as dificuldades, mas cobrar o que deve ser cobrado e elogiar o que há de bom. Imparcialmente e sempre em prol do que é MELHOR para o clube.
Engraçado é que até há dois meses a Paranautas prestava… Mas enfim, perdão aos leitores pelo momento fofoca.
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Vejo você na Vila!
Henrique Ventura
@henventura
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