Ontem, ao mesmo tempo em que nos batia uma certa frustração porque o Tricolor desperdiçava uma ótima chance de deslanchar no campeonato, tínhamos uma sensação incrível de proporcionar uma senhora festa para comemorar os 300 jogos de Marcos defendendo a camisa paranista.
Mas eu, particularmente, constatei algo muito profundo no jogo de ontem: o que nós – paranistas e Paraná Clube – e o Marcão (que, convenhamos, também é um de nós) temos em comum?
Vamos lá. Marcos não vestiu a amarelinha, não ganhou Libertadores, não jogou nos maiores times da Europa. Mas, ainda assim, ganhou prêmios de melhor goleiro da liga portuguesa e conseguiu jogar em times europeus dignos, comprovando sua qualidade fora daqui. Mas – o principal – ganhou títulos pelo Paraná Clube (Ruralito de 1997 e João Havelange 2000), salvou o clube de um rebaixamento (2002) e voltou em 2013, ainda em boa forma, para defender o Tricolor. Encarou inúmeras dificuldades com a nossa camisa, completou 300 jogos e provou o porquê é um ídolo ímpar da nossa torcida. O destaque dele para nós independe do que ele fez ou não fora do Brasil.
E nós? Não temos nenhum título da série A, nossa torcida é basicamente local, estamos há oito anos na série B e com seríssimas dificuldades financeiras. Mas o que nossa torcida fez ontem mostrou que temos uma grandeza ainda não percebida – à parte dos feitos que já conquistamos. Quem diria que, depois de tantos anos de notícia ruim, iríamos colocar o maior público só de paranistas (me refiro a outros públicos maiores já registrados também incluirem torcida adversária) desde o retorno à Vila, em 2006? Quem iria dizer que aquela massa mobilizada de ontem era para ver um jogo entre o 13º e o 14º colocados da serie B, e não uma final de campeonato? Juro que fiquei arrepiado e com a voz embargada.
É claro que glórias são importantes para impulsionar o orgulho da torcida, mas a nossa, em si, surpreendeu até ao ceticismo deste colunista. E, hoje, sou capaz novamente de acreditar que somos capazes de lotar mais varias vezes qualquer estádio dessa cidade.
Marcos e o Paraná Clube são gigantes. E tanto um, quanto o outro, não dependem exatamente das suas existentes glórias para o serem, e é aí que reside a grande semelhança entre o Tricolor e esse grande atleta. A essência tricolor já basta para nos dar grandeza, e nosso goleiro é grande por tudo que faz ao natural pela instituição, além das seguríssimas atuações em campo.
À torcida paranista: que a mobilização não pare por aí. O clube ainda depende muito de nós e ainda teremos algumas tempestades feias pela frente para enfrentarmos juntos, e estou certo de que é assim, juntos, que iremos superá-las.
Ao nosso ídolo Marcos: muito obrigado por fazer parte da história do Tricolor e representar tão bem em campo nossa torcida!
Sobre o time
Já temos uma certeza: se ninguém tirar o Fernando Diniz daqui, não passaremos sustos. Quanto ao acesso, que ainda está distante, dependerá de um rendimento absurdamente bom nos últimos 3 jogos do turno e, então, de um segundo turno com muita imposição tática e – principalmente – física. Todos os jogadores vão ter que acreditar muito em cada dividida e nas chances de gol. A série B nunca esteve tão sem qualidade quanto neste ano, desde que passou a ser disputada em pontos corridos. É difícil, mas o impossível está tão longe quanto o possível. Por que não acreditarmos na distância igual que mais nos agrada?
Vejo você na Vila.
–
Henrique Ventura
@henventura
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