Em mais um ano que vai se encaminhando para ser “água de salsicha” dentro de campo para o Tricolor, o clube se prepara para uma eleição histórica. Pela primeira vez na história o sócio com “origem” na arquibancada terá direito a voto. E logo em um momento extremamente crítico.
Nos bastidores e nas rodas de paranistas, a brasa da discussão sobre o que fazer com o patrimônio se reincendiou. Inclusive, acredito que provavelmente essa seja a grande motivação da chapa de oposição, que discorda de uma eventual e suposta intenção da chapa de situação de se desfazer da Kennedy, que foi nosso lastro durante toda a vida do clube.
Isso é apenas o retrato de várias coisas. Uma delas, o descaso – em maior ou menor escala – de todas as diretorias que deixaram que a situação do clube chegasse ao que encontramos de dificuldade hoje. Além disso, algumas coisas do passado ainda não foram bem digeridas pela torcida. Por fim, o pior retrato de todos: de que sempre houve, em qualquer gestão, uma legião de cegos defensores de ações polêmicas da diretoria. A bola de neve se acumulou e quem assumir o Tricolor pode ter uma nova e catastrófica bomba nuclear nas mãos a qualquer momento. E o modo de lidar com isso pode fazer toda a diferença.
Por isso, por incrível que pareça, acho sensacional o bate-chapa existente nessa eleição do próximo dia 23. SemPRe comentei (inclusive, lembro que citei em uma coluna, até) que era muito louvável termos paranistas “de verdade” na diretoria, mas que competência é fundamental e que o ideal seria chegarmos a um momento em que não precisássemos acatar algumas situações apenas porque um dirigente é “mais paranista” que outros. E sim que tenhamos que escolher os responsáveis por uma gestão analisando qual ideia achamos melhor que uma diretoria tenha de lidar com nossos problemas.
Apesar do momento terrível, atingimos esse ponto. E isso é magnífico! Temos duas chapas com dois polos extremamente opostos de linha de ação, mas aparentemente levando a sério na mesma intensidade o processo.
Vejo pontos positivos em ambas as chapas. Tenho amigos que respeito e em quem confio demais, há conselheiros que vinham adotando uma postura questionadora – que, frise-se, é função dos Conselhos do clube – e, o principal, cada uma parece ter uma receita diferente para solucionar a viabilidade do Paraná Clube. Ninguém concorre à presidência de uma bomba-relógio como o nosso clube sem estar ciente de que o bicho pega.
Mas há também pontos negativos. Inédito nessa eleição, também, é o fato de termos de analisar quem está por trás de cada chapa embora isso, infelizmente, fique apenas no campo da suposição. Além disso, as dificuldades que aparecem de surpresa podem fazer ir por água abaixo qualquer discurso ou promessa. Mas o pior problema é o risco de a discussão ser atrelada a de onde virão os recursos provisórios (sim, porque na nossa situação é só na base do empréstimo a perder de vista, mesmo), qual o modo de “devolução” disso etc, ao invés de se discutir o modo de botar nosso Tricolor nos eixos.
Estou feliz com os primeiros passos dessa eleição. Mas espero que as ideias sejam realmente discutidas e levadas a sério quanto à viabilidade a curto, médio e longo prazo. E que a discussão não se perca partindo para o lado pessoal ou ataques. Porque se, unidos, a situação do clube já tá uma bosta, imagine com desunião.
Ainda não defini meu voto pra valer, mas não vou ser hipócrita de fingir que não tenho preferência. Inicialmente, prefiro a chapa Reconstrução Tricolor. Mas isso ainda pode mudar ao longo do processo eleitoral até o dia da eleição. E peço ao sócio cadastrado que pense com carinho em seu voto também, ele pode fazer a diferença para o que será de nosso Tricolor!
RECESSO
Estou próximo da minha centésima coluna por esse portal, mas também estou entrando em férias. Pode ser que eu continue escrevendo normalmente nesse mês que vem, mas também pode ser que eu fique setembro inteiro sem postar. Mas em outubro estamos aí de volta!
Vejo você na Vila!
–
Henrique Ventura
@henventura
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