O paranista se amargura um pouco mais a cada vez que percebe que o Paraná Clube já está se tornando um “ancião” na série B. A cada rodinha de amigos em que o assunto futebol vem à tona e torcedores de outros times em situação não tão ruim quanto a nossa começam a falar de seus sonhos para 2016, o torcedor tricolor beberica um gole puro de saudade de ter certeza do que esperar de bom para o ano seguinte. Eu, mesmo, volta e meio teço uma série de críticas sobre medidas do clube e busco não criar muitas expectativas, temendo mais decepções.
Basicamente, estamos como o primo pobre que sonha com um caminhãozinho de madeira de presente do Papai Noel enquanto os priminhos conversam sobre seus videogames de última geração recebidos do bom velhinho. Mas não quero falar aqui de um conto clichê de Natal sobre querer ganhar um presente. E sim de um conto diferente, de resolução de Ano Novo. Um conto cujo final cabe a você imaginar.
Todos os últimos anos nós semPRe encerrávamos torcendo para o ano seguinte ser bom. Para tudo se ajeitar. Para voltarmos à série A. E aos poucos isso foi arrefecendo. No começo dessa odisseia pelo inferno, caímos para a série B, mas já esperávamos um 2008 com melhora imediata, título paranaense e acesso à primeira divisão. Mas as coisas deram errado. Ficamos pelo caminho no Ruralito e nos conformamos com a permanência na série B após termos virado o turno na vice-lanterna. Ainda assim, com o alívio de não cair para a série C, pensamos que em 2009 tudo seria melhor. Não conseguimos levar adiante nenhuma pretensão e o ano foi fraco. Mas mesmo assim sonhávamos com um 2010 um pouco melhor. E aí começaram a se escancarar os problemas financeiros, atrasos de salário. Foi quando passamos a só esperar que tudo não piorasse.
De lá para cá vieram os problemas extra-campo, os gols tomados nos finais de jogos, rebaixamento no Estadual, o acesso perdido na reta final de 2013, perdas patrimoniais, o choro atrapalhado de um dirigente remunerado, a renúncia de um presidente, mais um ano morno dentro de campo.
Tá, só falei desgraça, né? Mas é que quero chegar em outro ponto. O que quero dizer é que, com tudo isso, já percebemos que parece que, se alguma coisa pode dar errado, ela vai dar errado para o Paraná. Ainda mais que nosso poder de investimento é baixo. Mas isso é algo sobre o que precisamos pensar um pouco diferente. Já escrevi sobre isso no ano passado, mas preciso falar de novo.
E se para 2016 acreditarmos que as coisas podem dar certo?
Precisamos acreditar que as contratações de baixo custo deem certo no nosso time. Que a bola que, para nós, batia na trave ia para fora, vá bater no travessão, nas costas do goleiro e entrar, fazendo a Vila explodir. Que os gols que tomávamos no final nós possamos começar a fazer no apagar das luzes também para garantir nossas vitórias.
Torcedores de outros times próximos – e outros nem tão próximos assim – de nós parecem discutir com uma certa tranquilidade e com um orgulho carregado de desdém o “ano novo” de seus clubes. E nós?
Nós temos é que fazer valer nossas cores. Ter orgulho de trajá-las e mostrar que a nossa identidade é a resistência, é nossa capacidade de levantar de fuças erguidas a cada tentativa de nocaute. Sonhar com um jogo de cada vez e, enquanto o próximo não vem, entender que não somos menores que ninguém. NINGUÉM, exceto nós, sabe o que é ser paranista. E a certeza de sentir algo que título algum explica é uma narcose inenarrável que nem um torcedor de time que tem Libertadores e Mundial vai entender.
Aliás, que tal passar a virada usando um boné, uma camisa, um calção, uma meia do nosso Tricolor? Nem tanto por superstição, mas por mostrar nossa vida e nosso orgulho, mesmo. Estando convictos do nosso paranismo, tudo passa a ser possível. E ser possível é o primeiro passo para as coisas boas voltarem a acontecer.
E aí, que resolução você quer para o seu 2016 paranista? Deixar as barbas de molho porque a situação segue não sendo nada boa? Ou bater no peito, arrotar nosso orgulho e passar a acreditar que a nossa maré ainda pode virar e as coisas passarem a dar certo?
Se nós não acreditarmos, quem vai? Eu escolho acreditar.
Um Feliz Ano Novo a todos os paranistas. Que 2016 seja um ano de PRimeira. E, se não for pra ser de primeira, que seja um ano para reafirmarmos nosso orgulho jogando com honra e dignidade e tornando a instituição mais saudável, viável e consolidando sua perenidade.
Vejo você na Vila!
–
Henrique Ventura
@henventura
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