Na boa, fazia tanto tempo que o Tricolor não começava um ano tão bem que agora parece que tá tudo certo, tudo tranquilo, tudo favorável. Mas não sou ingênuo de achar que essas três vitórias do começo do campeonato resolvem todos os problemas (mas que já faz uma diferença lidar com os problemas enquanto o time ganha, ô se faz…).
Mesmo assim, eu gostaria de chamar a atenção para uma discussão que, a princípio, é secundária, mas que alguma hora chegará ficará tão inadiável para a diretoria quanto algum dia será inevitável uma conversa sobre puberdade com os filhos. A identidade que o Paraná Clube quer mostrar para seu torcedor e seu associado. Decidi tomar isso como assunto após o tema ser levantado no querido e polêmico fórum deste portal.
Há pessoas que acreditam que o Paraná precisa dar um “all-in” e criar uma identidade de um Paraná Clube que nunca existiu, maior do que já foi um dia, campeão de tudo, gigantesco, sem atividades sociais, 100% futebol e o resto que se dane. Há outras que acham que devemos focar na nossa identificação – apesar de toda subjetividade implícita no “ser paranaense” – local, com o estado e a cidade. Há ainda, também, algumas “viúvas” dos nossos clubes ancestrais que insistem que o clube deveria reforçar mais alguns símbolos.
Porém, eu discordo dessas correntes em especial. Vou evitar apontar eventuais erros nelas para que o texto não fique enorme, prefiro me ater à imagem que eu vislumbro para o meu clube do coração. O Tricolor precisa começar a cativar o seu torcedor – o que já se afastou, o que ainda resiste e o que ainda pode passar a torcer por nós – tentando mostrar o quanto o futebol nos infligiu sofrimento e que, mesmo assim (ou por causa disso), somos capazes de atingir conquistas que tem um valor emocional amplificado, porque tudo é mais difícil para nós.
Sofremos por esse clube e, mesmo assim, um simples passeio de suas cores e escudos por nossa vista já arrepia nossa pele e choca nossas entranhas. Tudo é mais difícil, logo, quando a glória vem, não importa a dimensão, emociona em dobro.
Para mim, essa é a cara que o Paraná Clube precisa mostrar para o seu torcedor. E não trata-se de autoflagelo, subserviência ou “coitadismo”. Trata-se de jogar limpo. Não se pode vender à torcida uma ilusão distante. Quando chegar a hora em que a diretoria precisar lidar com essa questão, espero que isso seja levado em consideração.
Na bola
Eu mentiria se dissesse que já esperava essa sequencia de bons resultados que o Paraná apresenta no início do campeonato. O time inicial escalado por Claudinei Oliveira mostra que é bem treinado, sabe o que fazer com a bola e é bem distribuído em campo. Mais do que isso, há muito tempo não tínhamos tamanho aproveitamento em cruzamentos e bola parada. E tudo isso com um time que apresenta claras limitações técnicas no geral.
Mas a empolgação precisa ser contida. O elenco ainda não apresenta reposição à altura, sequer opções para mudar a história de um jogo por meio de substituições. Mas, mesmo com essa cautela, é possível o time superar esses empecilhos e beliscar algo bom nessa temporada. É cedo, a situação também segue delicada nas finanças, mas ainda assim dá para acreditarmos no Tricolor. E, a julgar pelo público da primeira rodada (e espero que o dessa também!), parece que a torcida comprou essa crença.
Vejo você na Vila!
–
Henrique Ventura
@henventura
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