Amigo paranista. Há quase exatos dez anos, o Paraná Clube lançava a campanha “Vila, tá na hora!”. À época, o clube mandava seus jogos no Pinheirão (in memorian) e viu a chance de voltar ao seu histórico estádio e mexer com um certo sentimento de carinho e saudosismo do torcedor pela Vila Capanema.
Voltamos e, desde então, conquistamos uma vaga na Libertadores, perdemos um Ruralito pro Paranavaí, fomos rebaixados no Brasileiro, no Ruralito (e ali também voltamos à série Ouro) e conquistamos algumas vitórias simbólicas mesmo em um longo momento muito ruim.
Mas toda vez que alguém comenta sobre fatores que afastam o paranista do estádio vem à tona análises duras sobre o retorno do Tricolor à Vila querida. Fala-se que foi um erro voltar ao estádio, que a Vila não tem mais condições, que é um péssimo e ultrapassado estádio. Que o Paraná só vai para a frente quando fizer um estádio decente para seu torcedor.
Mas vem cá, amigo. Senta aqui, abre uma cerveja, vamos conversar. Qual o grande problema da Vila Capanema para você? Aquele que justifica você não ir ao estádio?
É notório que nossa casa tem seus problemas, ninguém é cego a ponto de negar isso. As arquibancadas descobertas (em uma cidade que tem tempo fechado a cada três dias), a distância da curva para o campo, a baixa altura da arquibancada, a dificuldade de estacionamento e escoamento de tráfego, a idade das estruturas.
Mas nenhum fator desses, salvo uma ocasião ou outra, é daqueles que façam alguém dizer “nossa, esse lugar não tem condição de ser frequentado”. Poxa. É um estádio digno, mesmo com todos os seus problemas.
Vejo muita gente comentando sobre modelos de estádios de outros times como se fosse tranquilo e favorável arranjar invesidor e projeto (e local!). E agora chegamos a uma situação diferente. Judicialmente, temos um entendimento de que o domínio da Vila não é nosso. Se estádio não costuma ser prioridade em época de vacas magras (e, sim, nossa situação ainda é crítica), a diretoria vai ter que demandar uma atenção maior a uma busca por solução política. E será extremamente natural postergar qualquer nova construção ou grande reforma enquanto esse problema não for resolvido.
E, aí sim, chegará a hora de pensar em estádio novo. Nesse momento seria interessante consultar a torcida, em uma pesquisa, sobre quais seus anseios quanto às características da nova casa.
Mas, enquanto isso, vamos nos concentrar…o que torna a nossa Vila tão desconfortável? Eu acredito que, de forma insuportável, nada. Eu entendo que a pressão por um estádio novo deve ser mantida momentaneamente em segundo plano.
Hoje a Vila Capanema é a nossa casa e devemos valorizá-la enxergando o copo meio cheio. Ela é nosso aconchego, a pousada dos nossos sonhos futebolísticos entre amigos e irmãos e o templo do ritual nosso de cada rodada. Por isso, urge o esforço político em mantê-la conosco e a nossa paciência em aguentar um pouco de descoforto em nome do nosso primeiro amor.
Mata-mata
Hoje começa a fase decisiva do Ruralito, contra o Foz, lá na fronteira. Sabemos das limitações do elenco, mas a fórmula do caminho para o título não é muito complicada.
O Tricolor foi preciso nos resultados quando a aplicação tática e a raça foram mantidas em um nível altíssimo, aliadas a algumas qualidades individuais interessantes. Retomar esse espírito é fundamental.
Se o Paraná ganhar do adversário no quesito vontade, dificilmente será vencido na técnica. Mas, se o elenco não se conscientizar de suas limitações e permitir que o adversário iguale a vontade e a raça, qualquer oponente com qualidade técnica igual ou superior tende a complicar nossa vida.
Sangue nos olhos, time. Vamos lá!
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Henrique Ventura
@henventura
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