O torcedor paranista sabe que nem o maior desgosto do mundo o vai fazer parar de torcer pelo Tricolor, especialmente quem for mais ensandecido pelo clube. Mas cada episódio como o de sexta-feira em Criciúma funciona como uma punhalada no coração do paranismo.
E o que piora a situação é que: a) não é a primeira vez que o Paraná Clube fez isso e, infelizmente, não deve ser a última; b) sou incapaz de lembrar qual foi a última vez em que, perdendo de 2×0, viramos um jogo para 3×2. Ou seja, qualquer um consegue isso contra nós e, quando somos nós que precisamos virar na raça, não conseguimos sequer colocar a bola na área.
Quem presencia diante de seus olhos um episódio como esse arranja seus diversos modos de lidar com a situação. Esmurrar a mesa do boteco, sair dos grupos de Whatsapp relacionados ao Paraná, prometer nunca mais assistir um jogo, querer xingar o time inteiro, tentar pensar no próximo jogo (mas com a cabeça ainda fervendo por causa da entregada no sul de Santa Catarina). Tudo isso faz parte de um processo de digestão do que ocorreu.
Mas, por incrível que pareça, há um imperceptível alento nisso tudo. Ok, não dá para chamar de alento, mas digamos que é um aspecto importante para o ativismo da nossa torcida.
Enquanto entregadas e vexames como esse nos indignarem, serem capazes de estragar um fim de semana, é sinal de que ainda sentimos dor pelo Paraná Clube. É prova de que, em maior ou menor grau, o time ainda mexe vivamente com nossos sentidos e sentimentos e isso é fundamental para termos o discernimento necessário para acompanhar o que é bom para o presente e futuro da instituição. Seria ainda pior se considerássemos aceitável essa situação.
Por outro lado, cada desgosto afasta mais a confiança do torcedor. Torna ainda mais difícil chamá-lo de volta à Vila Capanema com maior assiduidade. E isso é perigoso neste momento tão crítico, em que precisamos da torcida para ter um pouco menos de dificuldade na restauração da instituição.
Episódios como o de sexta-feira fazem parte do futebol. Mas, se o Paraná Clube quer mesmo recuperar sua credibilidade, precisa torná-los – sob risco de afastar ainda mais sua torcida – menos frequentes contra nós, e mais frequentes a nosso favor. E eu, sinceramente, ainda tenho esperança disso.
Vejo você na Vila!
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Henrique Ventura
@henventura
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