Obra em papel de rascunho

ventura

O técnico Marcelo Martelotte já está há três meses no Paraná Clube. Após um início promissor, com direito a uma heroica vitória sobre o Vasco da Gama lá no Rio de Janeiro, o time voltou a apresentar uma instabilidade terrível no ataque e desandou novamente na defesa, culminando na sequencia horrível de resultados entre o empate em casa contra o Avaí e a derrota fora de casa contra o Bahia.

Então veio uma reação improvável. Depois de uma vitória chorada contra o Sampaio Correa e um empate estranho contra o Oeste (em que se reviveu o fantasma de Criciúma), o Tricolor perdeu Robson, negociado com o São Paulo. O atacante era o melhor jogador da equipe e havia participado de  70 % dos nossos gols na temporada. O que se esperava, diante disso, era um abatimento geral e um total desmantelamento tático.

Mas, como uma obra que surge despretensiosamente em um espaço que seria destinado a esboços, o que se viu foi um time trocando mais passes, invertendo jogadas mais rapidamente e até mesmo ganhando as sobras ofensivas. Calma, não viramos o Barcelona, mas parece que a ausência de Robson fez o resto do time “cair na real” e perder alguns vícios.

Mais do que isso, Martelotte viu-se pressionado a confiar em mudanças que não considerava seguras anteriormente. Com a saída de Jean e Basso, Lucas Otavio recuperou espaço e ajeitou a ligação entre os setores. Assumiu-se que Diego Tavares é mais atacante do que lateral e ele passou a ser peça interessante na subida ao ataque. Com uma bela vitória sobre o Londrina e uma injusta e dolorida derrota para o Vila Nova, o Paraná Clube mostrou outra cara – a de um time que, se reagisse um pouco antes, poderia subir. Assim como a seleção Portugal, que cresceu na final da Euro 2016 mesmo depois de ter perdido seu craque Cristiano Ronaldo, o Paraná também vem se encaixando (tarde demais) em campo aos poucos, sem querer.

Mas fica a dúvida: por que nos períodos de maior tempo de treinamento essas necessidades já não foram diagnosticadas? Por que Martelotte só mexeu no aperto? Por que o treinador mexeu errado na última partida (tendo Welington no  banco, poderia ter sacado Lucas Taylor, visivelmente cansado e não o fez, alem de sacar Karanga, ao invés de Guilherme, para a entrada de Lucio Flavio)? Falta de observacao da diretoria de futebol e da comissão técnica?

Salvo enorme milagre (que bem que poderia começar já no jogo de hoje, contra o atlético Goianiense…), o ano paranista tende a se encaminhar para uma luta para escapar sem sustos da série C. Se um projeto de maior prazo esiver em pauta no planejamento do nosso futebol e Marcelo Martelotte fizer parte desses planos, todos esses pontos precisarão ser levados em consideração.

Vejo você na Vila!



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