Só poderia ser nosso

ventura

Amigo paranista: subimos! Já caiu sua “ficha”? A gente pensa que ainda não, né? Mas, pensando bem, só de não estarmos mais fazendo as contas de pontuação já é um princípio de percepção do que aconteceu.

Muita gente esperou ansiosamente por esse momento. Muita gente já achava que ele nunca mais ia chegar. Muita gente sofreu com tanto tempo de limbo. E isso que havíamos estagnado “só” na série B.

Eu tenho certeza que esse acesso tem um valor diferente para cada paranista, desde o mais incrédulo até o mais resistente a tantas intempéries. Quando nosso atacante Alemão ganhou aquela dividida, após recuperação de Robson, e conduziu a bola até o gol (contra – tinha que ter requinte de crueldade!) do acesso, um turbilhão de sentimentos tomou conta de mim. Dá para dizer que esse acesso era justo por uma série de motivos.

Pelo tempo longe da elite do futebol nacional

Por tantas derrotas e insucessos que amargamos num curto espaço de tempo

Pela sinergia encaixada neste ano entre torcida, elenco e diretoria

Pelo gosto de ver um grupo de atletas muito mobilizados em meio à nossa causa

Por quem – assim como eu – aguentou estar entre as 265 pessoas que foram à Vila assistir Paraná 2×0 Cincão, sob chuva inclemente.

Por quem sempre teve aquela sensação de que tudo sempre dava errado e sempre daria para o Paraná.

Pelos meus pais, que me fizeram paranista (muito obrigado por isso!) e aguentaram esses dez longos anos comigo sem pestanejar.

Pelo meu saudoso amigo Orley Villa, meu avô João Ventura e muitos outros paranistas que desencarnaram sem ter visto o Paraná Clube voltar a buscar seu lugar ao Sol e que, hoje, ainda devem estar comemorando muito em outro plano este momento.

Seguindo a esteira do motivo anterior, pelo saudoso ídolo Caio Junior, que já faz muita falta, que sonhava em ajudar o Paraná como treinador e teve seus planos limados por uma tragédia.

Pelo constante escárnio e desdém de torcedores de outros times (e até da imprensa) quanto ao nosso suposto futuro e suposta colocação no cenário futebolístico local e nacional.

Isso. Por terem dito que íamos acabar. Que nunca mais iríamos ver a série A.

Por termos batido recorde até de Copa do Mundo no Estádio Gourmezão.

Por termos a maior marca de público nos 3 maiores estádios de Curitiba em 2017.

Pelos jogos que voltaremos a ter no domingo, depois do almoção de família.

Pela garra e persistência do nosso ídolo Marcos, que neste sábado aposenta-se com sentimento de dever cumprido (obrigado, Marcão! E isso ainda vai ser tema de outra coluna…)

Pela nova geração de pequenos paranistas que vê renascer diante de seus olhos um clube que sabe, sim, ser vencedor.

Pelo resgate do nosso orgulho.

Eu não sei o que vai ser de nós na série A. Se vamos cair de novo, pegar competição internacional ou até sermos campeões. Mas eu sei o que simboliza esse acesso: um descarrego. Uma amostra indefectível de pujança, de que podemos, sim, levantar até dos tombos mais feios.

Para quem ouvia os outros dizerem que iríamos acabar e para quem aguentou muita coisa calado, estar na série A nos dá segurança. Uma confiança de que, caso venhamos a passar apuros de novo na nossa história, conseguiremos, com muita luta, dar a volta por cima. Assim como foi nesse ano em que conseguimos esse acesso que, diante de tudo que aconteceu nos últimos 10 anos e em toda nossa história, só poderia ser NOSSO!

Vejo você na Vila! (Ou em qualquer outro estádio, a gente lota qualquer um, mesmo)



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