A estreia do Tricolor na temporada 2019 no domingo (20/01), com derrota em casa diante do Operário por 1×0, se não foi boa por conta do resultado ao menos reuniu alguns elementos interessantes para a sequência da temporada.
Para realizar uma análise mais assertiva é importante contextualizarmos o atual cenário. A péssima campanha na série A em 2018 forçou a diretoria a remontar o elenco, em partes pela falta de competitividade (aquele time era sofrível) e em partes pelo elevado salário pago a alguns jogadores, casos de atletas que foram emprestados por não se encaixarem no orçamento de um Clube que disputará a série B.
O resultado disso foi um elenco quase em sua totalidade reformulado, com apenas Thiago Rodrigues e Juninho como remanescentes da temporada passada, mesclado com alguns jovens da base que tiveram oportunidades na reta final da série A, casos de Keslley, Andrey e Alesson. Ao todo 7 atletas estrearam com a camisa Tricolor nesta partida.
O Tricolor entrou em campo com um 4-5-1 com 2 volantes, armado por Dado Cavalcanti com a seguinte escalação: Thiago Rodrigues; Eder Sciola, Eduardo Bauermann, Fernando Timbó e Juninho; Luiz Otávio, Kadu, Higor Leite (Alesson); Andrey (Rodolfo), Jenison e Keslley (Rodrigo Carioca).
O adversário era o Operário de Ponta Grossa, que apesar de não contar com nenhum grande destaque individual demonstrou ter uma equipe que joga certinho, tendo mantido a base do time campeão da série C em 2018. O entrosamento do adversário no posicionamento e na criação de jogadas, assim como a melhor preparação física, foram nítidos durante o jogo.
Apesar das dificuldades naturais de uma estreia com vários novos atores, o Tricolor começou bem postado defensivamente, uma marca das equipes treinadas por Dado Cavalcanti. Poucas chances foram criadas para cada lado, até que aos 41 minutos do primeiro tempo o zagueiro Eduardo Bauermann, que não estava mal no jogo, deu uma tesoura voadora no adversário e tomou cartão vermelho. Isto forçou Dado a recompor a defesa, tendo que substituir o atacante Andrey pelo zagueiro Rodolfo. A partir desse momento, o Tricolor se fechou e tentou explorar contra-ataques em velocidade.
Para o segundo tempo Dado reduziu a linha entre a defesa e o meio campo, e passou a atuar com uma formação mais compacta, o que dificultou para que o Operário criasse oportunidades de gol, além de soltar mais o meia Higor Leite, que passou a atuar mais próximo dos dois atacantes. Com maior liberdade, Higor leite criou jogadas interessantes, mas ainda discreto em relação à temporada anterior no ABC.
O Operário chegou com perigo em quatro oportunidades, sendo duas em chutes de longa distância e duas trocando passes curtos pelo meio. Em contrapartida, o Paraná criou três boas oportunidades: Andrey cabeceou por cima do gol (ali era lance pra matar no peito e escolher o canto), Jenison desviou um cruzamento e a bola explodiu na trave (arrancando o UUUHHHH da galera), e Rodolfo cabeceou a queima-roupa para grande defesa do goleiro adversário, naquela que foi a maior chance do Paraná na partida.
O setor defensivo portou-se bem, segurando o adversário até os 41 do segundo tempo, mesmo atuando na maior parte do jogo com um homem a menos. O Operário chegou ao gol através de um cruzamento da esquerda, em que dois jogadores furaram, o veterano Schumacher trombou com dois atletas Paranistas, e a bola sobrou para Dione, sozinho, marcar o gol adversário. Típico gol por desatenção. Este gol, aliás, deve ser motivo de reunião da comissão técnica com alguns atletas para que falhas assim possam ser corrigidas.
Apesar do resultado adverso, vi algumas virtudes. O goleiro Thiago Rodrigues demonstrou segurança para assumir a titularidade no decorrer da temporada. A dupla de volantes formada por Luiz Otávio (que surgiu na base do Tricolor e está de volta depois de empréstimos para Phoodles e Santa Cruz) e Kadu (emprestado pelo Joinville) foi bem, tanto no posicionamento quanto nos desarmes. Gostei também do lateral Éder Sciolla, que demonstrou segurança defensiva.
Os três zagueiros que atuaram – Bauermann, Timbó e Rodolfo – mostraram vontade e ímpeto nas divididas, e esse respeito à Camisa do Paraná Clube não deixa de ser um colírio para os olhos do torcedor Paranista depois de uma temporada com vários cabeças de bagre que nem corriam direito. Bauermann só precisa acertar a dose, para evitar novas expulsões. Este jogo certamente servirá de aprendizado.
De pontos que precisam ser corrigidos, destacaria a parte física (o que é natural, tendo em vista que o time está se preparando há pouco mais de 15 dias), o trabalho na saída de bola (houve alguns momentos complicados em que o Paraná apenas se livrava da bola com chutões para a frente) e a orientação a alguns atletas mais novos para que joguem simples, sem cai-cai. O estadual será a oportunidade de ouro para que esses jovens mostrem que tem potencial para atuar no Brasileiro, e essa oportunidade deve ser aproveitada com seriedade e sabedoria.
Há bastante trabalho a ser feito, e a comissão técnica tem totais condições de acertar este time para que traga alegrias ao torcedor Paranista.
Nos vemos na Vila Capanema!
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