ALERTA LIGADO
Como abordado na coluna anterior, cada vez mais os meios de comunicação e redes sociais noticiam um possível acordo com um grupo investidor, que passaria a injetar dinheiro no Paraná Clube.
Ocorre que, até o momento, nada se sabe sobre como seria a administração deste investimento, a forma de parceria e o benefício para ambas as partes. É necessário analisar alguns casos em que houve a chegada de investidor em um clube já constituído. Neste aspecto, não cabe a análise sob a perspectiva dos clubes que sofreram investimentos como da Red Bull e Parmalat, pois nestes casos, o investimento tem o viés publicitário que visa a venda de produtos da empresa, portanto obtendo vantagens para o investidor que vão além daqueles decorrentes das atividades do clube de futebol.
No que tange ao investimento apenas com o resultado decorrente do futebol, talvez o exemplo mais trágico seja o do Bury Football Club, tradicional clube inglês, com mais de 130 anos de história, sempre figurando entre as principais divisões da pirâmide do futebol inglês. Tudo se iniciou quando o proprietário da equipe, empresário de um ramo imobiliário, que sofreu uma grave crise na Inglaterra, lhe causando problemas financeiros, contaminou as contas do clube também. Com a crise financeira e sem possibilidade de arcar com os custos financeiros para disputar a temporada de 2019/2020, a crise do seu investidor obrigou o clube a fechar as portas. Caso similar aconteceu com o Bolton Wanderers, também da Inglaterra, que não possuía condições de disputar a temporada 2019/2020, mas “aos 49 do segundo tempo”, conseguiu encontrar um comprador para o clube, que apresentou as garantias financeiras necessárias, evitando a sua falência. Outro caso ocorrido na Inglaterra foi o do Sunderland, que por problemas com seus donos/investidores caiu vertiginosamente da primeira para a terceira divisão, onde se mantém. Uma grande parte desta história pode ser vista através da série “Sunderland Até Morrer” disponível no Netflix.
Em outros países ainda é possível ver exemplos de clubes como Glasgow Rangers (Escócia), Napoli, Parma, Fiorentina (Itália), Racing (Argentina), AEK Athens (Grécia), que tiveram que ser extintos, decretaram falência e acabaram sendo refundados ou caíram às divisões inferiores.
Em contrapartida, existem casos de clubes que subiram de patamar, através de investimentos bem-sucedidos, como Chelsea, Leicester, Wolverhampton, PSG, Portimonense, PAOK, e outros que dispensam maiores explicações sobre a forma com que ascenderam, por ser de conhecimento de uma grande parte das pessoas que acompanham futebol.
Desta forma, caso esta negociação se concretize, para que o Paraná tenha apoio total de seus torcedores, deve ser explícito sobre a forma de investimento que será feita, onde o clube e o investidor terão vantagens com isso e, principalmente, de que maneira esse investimento será administrado e as garantias que o clube resguarda para si em caso de insucesso do aporte financeiro. Caso contrário, sempre irá pairar a dúvida no torcedor se esta parceria irá se enquadrar nos casos de sucesso ou de problemas, acima elencados.
Neste momento, os sócios e torcedores devem ficar em alerta, cobrando transparência da diretoria e dos envolvidos sobre a questão, caso esta não venha a explicar todos os pontos anteriormente mencionados. Se analisarmos da perspectiva de que o clube é dos torcedores, e não da diretoria, que momentaneamente exerce a administração deste, estes precisam ter conhecimento de toda a situação que envolve essa possível transformação na forma como o clube passará a ser gerido.
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